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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Complicações Pós-operatórias

Febre
A elevação da temperatura a 0,5 a 1º C é normal da resposta metabólica ao trauma cirúrgico. A maioria das infecções respiratórias ocorrem no 5º dia do PO, febre nas primeiras 24 a 48 horas do PO é atelectasia até que se prove o contrário. No terceiro dia do PO a febre geralmente é secundária a tromboflebite e ITU.
Assim, paciente que permanece com febre nos primeiros 8 dias do PO, deve ser investigado para: infecção respiratória, ITU, TVP ou de ferida. Paciente com diarréia e uso de ATB deve ser investigado para colite pseudomembranosa.

Hipotermia
Geralmente causada por fatores externos. Ocorre a diminuição do DC e da FC, e em temperaturas muito baixas pode haver arritmias. Uma temperatura menor de 35ºC, há coagulopatia. Pode ocorrer hipotensão e insuficiência cardíaca. A capacidade do indivíduo lidar com as anormalidade acidobásicas e com a infecção encontra-se comprometida.
Complicações pulmonares – é a complicação pós-operatória mais comum. Ocorre principalmente em pacientes idosos, pneumopatas, submetidos a procedimento cirúrgico do abdome superior ou torácico.

Atelectasia
É a complicação mais comum, ocorrendo 24 a 48h do PO. É responsável por 90% dos episódios febris do PO. A atelectasia pode ser maciça, segmentar ou focal. A atelectasia maciça está associada a febre de 39ºC.

Aspiração
Quando é maciça provoca cerca de 50% de mortalidade. Quando há aspiração de conteúdo gástrico, com ph < 2,5, é comum haver pneumonite química, que aumenta o risco de infecção secundária – Sd de Mendelson. O tratamento é realizado com aspiração endotraqueal imediata + ATB – a hidrocortisona pode ser útil nos 3 primeiros dias.

Pneumonia
Mais comumente é resultado da evolução da atelectasia. A ATB deve ser orientada para Gram + e negatico.

TEP
Geralmente ocorre do 7º ao 10º dia. No RX há o sinal clássico do triângulo invertido – representa área de condensação. A embolia gordurosa também pode ocorrer, principalmente em pacientes com fraturas de ossos longos – deve ser suspeitado em pacientes com petéqueas em tórax e dispnéia.

SDRA
Evolui cerca de 24 horas após o trauma. O paciente encontra-se taquipnéico, com dispnéia progressiva bx pO2 e alta pCO2. O RX mostra infiltrado intersticial bilateral. Quando a pO2 é menor de 60mmHg, está indicada a IOT.

Derrame Pleural
Geralmente ocorre um pq derrame pleural em pacientes em PO de cx do abdome superior. Geralmente é reabsorvido.o aparecimento tardio deve alertar para a presença de abscesso intracavitário. Pode ocorrer na pancreatite aguda, secundário a irritação do diafragma pela cauda do pâncreas.

Ferida Operatória
Hematoma – o tratamento inicialmente é clínico, com analgésicos e crioterapia. A evacuação do hematoma está indicada caso haja infecção local. O hematoma de região cervical está indicada a evacuação cirúrgic.
Seroma – formam-se principalmente quando há a existência de espaço morto. Esta indicada a drenagem por punção ou abertura de pontos. Sua persistência predispõe a infecção.
Infecção – quando ocorre em menos de 48 horas, deve ser avaliado a presença de clostridium perfrigens (fasceíte necrotizante) e Estreptococcus beta hemolítico. A infecção da ferida operatória costuma ocorrer por volta do 7º PO.
Deiscência – Evisceração – hérnias – há fatores sistêmicos e locais que predispõe a tais complicações: DM, uremia, imunossupressão, sepse, hipoalbuminemia, câncer, obesos e pacientes fazendo uso de esteróides; técica de fechamento, aumento da pressão intraabdominal, cicatrização deficiente. Quando ocorre evisceração após 5º ao 10º PO, há a saída de líquido serossanguinolento após a abertura da pele. As alças evisceradas devem ser cobertas com compressas úmidas e a cirurgia de urgência deve ser realizada.

Complicações Urinárias
Retenção Urinária – Infecção Urinária – geralmente ocorre após o 5º PO.
Insuficiência Renal Aguda. As indicações para a hemodiálise, incluem: K>5,5mEq/L; uréia>80 a 90mg/dL; acidose persistente; sobrecarga aguda de líquidos; sintoma urêmicos e remoção de toxinas.

Complicações Digestivas
Dilatação gástrica – o tratamento é SNG e aspiração.
Ileo adinâmico – no quadro clinico ocorre distensão abdominal, parada de eliminação de gases e fezes, anorexia, náuseas e vômitos. No raio X há nível, contudo há a presença de ar no reto. A principal causa é a hipocalemia.
Obstrução intestinal – inicialmente o tratamento é clinico, e caso não se resolva em 48 a 72h, está indicado o procedimento cx.
Pancreatite – mais comum em pacientes submetidos a cx de VV biliares.
Ùlcera de stress – mais comuns em pacientes com insuficiência respiratória, infecção grave e hemorragia digestiva, também pode ocorrer em pacientes urêmicos. No caso de grandes queimados é chamada de úlcera de Curling – causada pela diminuição da produção de muco ocasionada pela vasoconstrição, no caso de politraumatizados, úlcera de Cushing – causada pelo aumento da acidez gástrica, causada pelo aumento dos hormônios de estresse.
Colite pseudomembranosa – trata-se de ulcerações difusas formadas no intestino grosso e delgado, com formação de pseudomembranas. Pode ser causada pelo uso de qq ATB. O tratamento é a suspensão do ATB e introdução de metronidazol ou vancomicina VO. O megacólon tóxico é a principal complicação.
Fecaloma – sinal de Gersuny – palpação de fezes na moldura cólica.
Parotidite – geralmente devido a desidratação, pela obstrução do ducto de Stenon, geralmente ocasionada pelo S aureus – o tratamento é realizado pela vancomicina.
Abscesso Hepático – atualmente a causa mais freqüente de abscesso hepático é a neoplasia. Icterícia – hepatite - Colecistite – geralmente alitiásica – costuma ocorrer mais em PO de cirurgias digestivas, o tratamento é cx.

Complicações Cirúrgicas
– edema agudo de pulmão
– arritmias cardíacas
– Infarto agudo do miocárdio.

Complicações Cerebrais
– AVC
– embolia cerebral
– psicose pós operatória
geralmente ocorre no 3º PO, antes deste dx deve ser descartado DHE ou sepse como causa. O tratamento é realizado com sedação com fenergan, haldol ou diazepam.

Complicações Metabólicas
– distúrbios de volume e hidroeletrolíticos.

Complicações Anestésicas
- doses máximas de anestésicos – a dose máxima de Lidocaína é 3-4mg/kg sem vasoconstritor e 7mg/kg com vasoconstritor.
Para homem de 70Kg – Lidocaína 0,5¨% - 98ml c/ vaso 42ml s/ vaso
Lidocaína 1% - 49ml 21ml
Lidocaína 2% - 24,5ml 10,5 ml
A dose máxima de bupivacaína é 2mg/kg
Quando injetado IV pode provocar arritmias.
A superdosagem provoca efeito de gosto metálico na boca, podendo ocorrer convulsões.
Na anestesia geral, uma complicação é a hipertermia maligna.
A incidência aumenta quando se utiliza a succinilcolina.
É uma síndrome hipercatabólica que se manifesta por taquicardia, cianose, sudorese, rigidez, anormalidade de pressão e aumento do CO2.
Somente 30% dos pacientes apresentam aumento de temperatura.
Trata-se de uma condição rara, autossômica, recessiva da musculatura esquelética.
O tratamento é a suspensão dos anestésicos, administrar O2, dantrolene, resfriar o paciente, tratar acidose e hipercalemia e tratar arritmias.
Raqui – é dada no espaço subaracnóideo, onde está o líquor.
Epidural – é onde está os vasos e nervos.
As vantagens da raqui em relação com a perindural: rápida e fácil, melhor relaxamento muscular, toxicidade menor – já que utiliza menos anestésico – 1 a 3 ml
As vantagens da perindural: pode utilizar cateteres para mais anestésico e efeito mais longo, pela maior quantidade de drogas.
A epidural pode perfurar a dura mater, já que é uma agulha grossa, com saída de liquor, podendo causar hipotensão, toxicidade anestésica e alergia.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Resposta Metabólica ao Trauma

Há duas fases, a fase de choque e a fase de fluxo.

- Fase de choque – tem a duração de 18 a 72 horas, o organismo prioriza a sobrevivência, há desaceleração do metabolismo. Ocorre o predomínio da fase anaeróbia, circulação inadequada, acidose e hiperlactinemia.

- Fase de fluxo – há o aumento do consumo de oxigênio, de modo que o organismo mobiliza todas as fontes de energia, incluindo proteínas e lipídeos para sua recuperação completa. Nesta fase ocorre o aumento do catabolismo.

Após 30 h de jejum terminam as reservas de glicose muscular, de modo que o organismo passa a utilizar lipídeos, e mais tarde proteínas.

Alterações Endócrinas

ADH– está aumentada no 4º a 5º PO

Aldosterona – no PO há aumento da renina, angiotensina e aldosterona – o principal responsável é a queda do volume extracelular funcionalmente ativo pela seqüestração hídrica devido ao edema traumático.

Cortisol – aumenta 4 a 12 horas do PO – ele incorpora AA, estimula as enzimas hepáticas a degradar AA e influencia a síntese protéica – ajuda na cicatrização.

Catecolaminas – 12 a 48h após o trauma cirúrgico. Aumentam a glicogenólise, gliconeogênese, hidrólise de lipídeos e liberação de AA muscular. Há vasoconstrição, aumento da FC e estimulação cardíaca.

Insulina – está diminuída, tendendo a haver hiperglicemia no PO.

Glucagon – está aumentado no PO. Degrada glicose, degrada lipídeos, bloqueia a formação de glicogênio, favorece a transformação de AA em glicose.

GH, ACTH e TSH – aumentam

O centro de gatilho é o hipotálamo, que a partir de um trauma cirúrgico acaba por liberar os hormônios.

As repercussões no trauma incluem:

Distúrbios hidroeletrolíticos – hipovolemia e hipernatremia; hipercalemia; inicialmente há hipercalcemia e depois hipocalcemia e hipermagnesemia; cloro, bicarbonato, proteínas e fosfato tendem a cair; alcalose respiratória inicial e acidose metabólica depois.

Área metabólica – hiperglicemia, hiperlipidemia, elevação de AA, catabolismo protéico acentuado.

domingo, 4 de julho de 2010

Pós-operatório

Na cirurgia abdominal, a dor deve chamar a atenção caso a mesma não tenha cessado após 48 horas do procedimento cirúrgico. Quando persiste a partir daí deve chamar a atenção para complicações. A principal causa é o íleo paralítico – distúrbios eletrolíticos (hipocalemia), desidratação, irritação peritoneal, fistulas ou deiscência de anastomose.

Podem ocorrer espasmos musculares que só cedem com altas dosers de narcóticos ou relaxante muscular, cessam em 48 horas.

As náuseas e vômitos costumam ocorrer após 18 horas da cirurgia, caso continuem a ocorrer após 24 horas, indica que há complicação.

A constipação intestinal pode ocorrer até 5 dias após o procedimento cirúrgico; é o chamado íleo adinâmico. O início da evacuação pode ocorrer 5 x ao dia, episódios de diarréia podem indicar comprometimento da circulação intestinal. Obstipação mais de 6 dias, pensar em obstrução intestinal. Diarréia no 7º PO e distensão abdominal, falam a favor de obstrução. A presença de fezes, flatos e RHA não significa boa evolução.

Peritonite precoce – é mais comum em pacientes que já apresentavam peritonite no pré-operatório e nas cirurgias em que houve contaminação da cavidade. A distensão abdominal persistente e a presença de dispepsia é indicativo da possível presença de peritonite. Ela deve ser tratada com a descompressão gástrica. Há grande seqüestro de fluidos para o terceiro espaço, aparecem taquicardia, oligúria e hipotensão.

Quando o paciente vem evoluindo bem, e ocorreu a peritonite no 4º a 9º PO, indica que houve a formação de fístula. A dor é nova, fora da ferida, acompanhada de náuseas, vômitos e distensão abdominal. Os ruídos podem continuar presentes, há alteração hemodinâmica de fluido para o terceiro espaço e febre. O diagnóstico definitivo é dado pelo exame contrastado.

O abscesso aparece cerca de 10 a 14 dias do pós-operatório, podendo Tb aparecer meses após. O RX pode mostrar nível HÁ, sugestivo de abscesso.

A causa mais comum de dor abdominal no pós-operatório é o íleo adinâmico. Ocorre a distensão abdominal caso o paciente tenha sido alimentado muito cedo ou a SNG tenha sido retirada precocemente. Os sinais de obstrução intestinal associado a febre, indica a presença de abscesso.

A prescrição do PO – analgésicos de horário por 48 horas, após S/N, antieméticos por 24h, após, s/n; prevenção de TVP e gastrite de estresse. O consumo diário de líquidos nos pacientes é cerca de 30ml/kg. A necessidade de Na é de 1 a 2 meq/kg a de K, ½ a 1 meq/kg.

O SF é grande fonte de Na e Cl, de forma a provocar hipernatremia, hipercloremia e
acidose (para excretar o cloreto, retém H); ele está indicado nos casos de hiponatremia, hipocloremia e alcalose. O mais utilizado é o Ringer Lactato. Após 1 h da administração, apenas 25% permanece no intravascular. No caso do SG5% apenas 10% permanece no intravascular – é usado para a reposição das perdas insensíveis e aporte calórico.

Os colóides estão indicados quando o aporte hídrico não pode ser mantido apenas com os cristalóides.

A regra básica para a reposição hídrica, é: 100x10 + 50x10 + 20xdemais quilos.; 1 a 2 mEq de Na e 0,1 a 1 Meq de K (só a partir do 2º PO).

A analgesia deve ser mantida de horário nos dois primeiros dias do pós-operatório; principalmente em cirurgias torácicas e de abdome superior para evitar a atelectasia. Deve ser evitado opióide em cirurgias intra-abdominais devido a indução de íleo paralítico.

O uso de antieméticos de horário devem ser evitados após o 2º PO para não mascarar o íleo paralítico.

A profilaxia para a TVP é utilizada para pacientes com fatores de risco – trauma, imobilização prolongada, idade, obesidade, ACO, câncer e dç cardiovascular. O local mais comum da formação de trombos é na panturrilha, sendo que o TEP ocorre em torno do 7º PO.

No pós-operatório, os movimentos pulmonares na caixa torácica estão diminuídos, o que predispõe a pneumonia. Deve ser realizado a analgesia adequada e fisioterapia respiratória.

A peristalse do ID inicia-se 6 a 24h, do estômago, 24 a 48h e do cólon, 48 a 72 horas. É bom aguardar a eliminação de flatos antes do reinício da dieta. Não há necessidade da progressão lenta. Há aumento das necessidades calóricas de acordo com o procedimento cirúrgico – eletiva – 10%; trauma – 10 a 30%; sepse – 50 a 80%; queimados 100 a 200%. Há a necessidade de 30 a 35 cal/kg e 0,8 a 2g/kg de proteínas. A nutrição enteral está indicada quando o paciente não consegue comer por boca ou não consegue atingir ¾ das calorias necessárias.

Os pacientes com fístulas ou com má nutrição severa (perda maior de 30% do peso usual) – NPP. A NPP acaba por trocar a fonte de energia da gordura para a glicose, acaba interferindo com o metabolismo e resultando em hipofosfatemia – isso acaba por diminuir o DC, PA e piora a ICC.

A SNG deve ser usada somente com necessidade, elas predispõe a presença de atelectasia e pneumonia aspirativa. Devem ser retiradas quando o débito for menor de 400 ml e houver ruídos. Quando há esofagectomia e gastrectomia – manter 72 horas.

sábado, 3 de julho de 2010

Pré-operatório

Recomendações de exames:

ECG – recomendado para homem maior de 40 anos ou mulher maior de 50 anos, procedimentos cardiovasculares ou pessoas com dç cardiovascular, HAS ou DM.

RX de Tórax – pacientes com mais de 60 anos, procedimento torácico, fumante, dç respiratória ou CV

HMG – procedimento que se espera perda sanguínea maior de 500ml. Paciente com doenças malignas, cv, anticoagulação, diabético, renal crônico, uso de aspirina.

Creatinina – maior de 50 anos, procedimento com risco de insuficiência renal, paciente com problemas CV ou dç renal.

Glicose – mais de 45 anos, paciente diabético ou que usa esteróides

Urina I – paciente que irá ser sondado, risco de infecção, implante ortopédico ou troca de válvula. Pedido para pacientes que usam drogas de excreção renal e diabética

Gravidez – para pacientes que não sabem dar a informação

Coagulograma – risco de sangramento devido a anticoagulação.

Avaliação pré-operatória por sistemas:

Cardiovascular – é a principal causa de mortalidade no período perioperatório. A principal etiologia é a coronariana.

A classificação de ASA é anestésica e leva em consideração apenas o exame clínico:
ASA I – saudável
ASAII – doença sistêmica sem limitação funcional
ASAIII – doença sistêmica com limitação funcional não incapacitante
ASAIV – doença incapacitante com risco de vida
ASAV – paciente moribundo.

Geralmente usa-se a classificação de Goldman.
Idade maior de 70 anos – 5
IAM em menos de 6 meses – 10
Distensão de jugulares – 11
B3 – 11
Estenose Aórtica – 3
Ritmo não sinusal – 7
Mais de 5 ESV – 7
Má condição geral – 3
Procedimento abdominal ou torácico – 3
Cirurgia de emergência – 4
I- 0 a 5 – 0,9%
II- 6 a 12 – 7,1%
III- 13 a 25 – 16%
IV- 26 – 64%

Sistema Respiratório
Requerem avaliação aqueles pacientes que serão submetidos a cirurgia torácica ou a procedimentos do abdome superior. Também merecem atenção pacientes portadores de neoplasia, tabagista, DPOC, pacientes que possuem VEF1 30% do previsto. Medidas protetoras incluem: uso de broncodilatador, anlgesia pós operatória, fisioterapia respiratória, inalação, antibioticoterapia.

Sistema Renal
Pacientes com insuficiência renal possuem maior risco cardiovascular pelo excesso de líquido retido. Além disso, possuem maior risco de sangramento, distúrbios hidroeletrolíticos e de coagulação. A hemodiálise é considerada nos casos de hipercalemia e excesso de fluido no manejo difícil. Evitar uso de medicação nefrotóxica e excesso volêmico.

Sistema Hepatobiliar
Recomendado quando há quadro clínico de hepatopatia

Sistema Endócrino
Paciente diabético - Sempre avaliar HMG, ECG, Urina I. Os riscos de pacientes diabéticos, incluem o déficit de cicatrização e risco de infecção. As medicações anti-hipoglicemiantes devem ser suspensa 2 a 3 dias antes para evitar a hipoglicemia. O ideal é suspender o uso de insulina de longa duração e substituir por insulina regular. Os pacientes usuários de NPH devem receber metade da dose habitual no período da manhã no dia da cirurgia, e soro glicosado a 5% a partir de então. Se houver hiperglicemia, a mesma deve ser tratada com insulina regular. O esquema habitual é retomado no primeiro pós-operatório.
Tireoidopatia – o hipertireoidismo deve ser controlado por drogas, mantido eutiroideo, betabloqueio, distúrbios hidroeletrolíticos e ECG. Quando há descompensação, deve ser mantido corticóide e alfabloqueio. Os hipotireoideos devem ter reposição hormonal. Cuidado com estes pacientes que tem hipersensibilidade a anestésicos.

Hematologia
Em idosos e cardiopatas é bom manter uma hemoglobina em torno de 10. Em pessoas saudáveis, em torno de 8. A transfusão de plasma está indicada para a correção de coagulopatia, não para a expansão volêmica. A transfusão de plaquetas está indicada para aqueles pacientes com plaquetas menor de 10000, ou naqueles com plaquetas menor de 50000 com sangramento ativo microvascular. Os anticoagulantes devem ser retirados 2 dias antes, substituídos por heparina, e esta deve ser suspensa 6 horas antes da cirurgia e reintroduzida 12 horas após. Nas cirurgias de urgência, deve ser administrado plasma fresco congelado na dose de 10 a 20ml/kg.

Avaliação Nutricional
Os doentes de risco são aqueles que apresentam perda ponderal maior de 5% nos últimos 30 dias, ou maior de 10% nos últimos 6 meses. O pior prognóstico ocorre naqueles pacientes com albumina sérica menor de 3,5; linfócitos < 1500/mm3 e transferrina menor do que 150mg%. A perda de peso maior de 20% implica em maior mortalidade, e maior de 30%, maior infecção pós operatória. A preferência para a reposição nutricional é VO ou enteral, sendo indicada a dieta parenteral para aqueles pacientes que não podem usar o TGI.
O jejum é de 8 horas. Para aqueles pacientes obesos, hérnia de hiato, grávidas, grandes tumores abdominais, é recomendado jejum de 12 horas, além de medicações que auxiliam no esvaziamento gástrico.

& O AAS deve ser suspenso 7 a 10 dias antes do procedimento cirúrgico. A ticlopidina deve ser suspensa 2 semanas antes. Os AINES devem ser suspensos 24 a 48 horas antes – alteram a função plaquetária. Pacientes submetidos a radioterapia devem aguardar 4 semanas para serem operados, devido ao aumento de complicações da ferida cirúrgica.

Antibióticos
Devem ser realizados 30 a 90 minutos antes do procedimento cirúrgico, sendo mantidas 24 horas após na minoria dos casos. Previnem apenas a infecção do sítio cirúrgico.
Nas cirurgias limpas é usada a cefalosporina de primeira geração. Nas potencialmente contaminadas, em que há risco de abrir o TGI ou respiratório, está indicado o uso de cefalosporina de primeira geração ou cefuroxime. Nas cirurgias de neurocirurgia ou de cabeça e pescoço, indica-se o clavulin. Quando há risco de abrir o trato GU – cipro. Quando há infecção do TGI – gentamicina + clinda ou metronidazol; clavulin; ampicilina + sulbactan; cefoxitina.

& No doente ictérico há maior risco de translocação bacteriana, insuficiência renal, sepse e lesão de múltiplos órgãos. O doente deve ser hidratado, nutrido, deve ser realizado a descompressão das vias biliares, administrado vitamina K e ATB.
No doente co estenose pilórica deve ser avaliado o suporte nutricional, passado SNG para aspiração do conteúdo gástrico, nutrição enteral e ATB.
O paciente diabético deve ter sua glicemia de jejum mantida < de 120 e pós prandial < de 180. A insulina no dia anterior da cirurgia deve ser de ½ a 1/3 da dose.
Os pacientes com cx de cólon – 5 a 7 dias de dieta sem resíduos, dieta lóquida na véspera, dieta zero 12 horas antes, manitol 1 a 2 dias antes, lavagem intestinal por clister glicerinado, hidratação vigorosa e ATB.

Células do Sague

O sangue é formado pelos glóbulos sanguíneos e pelo plasma (parte liquida).

Os glóbulos sanguíneos são os eritrócitos (hemácias), as plaquetas (fragmento do citoplasma ou de megacariócitos da medula óssea) e leucócitos (glóbulos brancos). Para saber a composição do sangue realiza-se um exame denominado hematócrito, no qual o sangue é tratado com substancias anticoagulantes e depois é centrifugado, assim ele se separa em diversas camadas: o plasma corresponde ao sobrenadante translúcido e amarelado; os glóbulos se sedimentam em duas camadas: a inferior composta pelas hemácias e a camada imediatamente superior de cor acinzentada, que contem os leucócitos; sobre os leucócitos repousa uma delgada camada de plaquetas (não visíveis a olho nu). O hematócrito permite também estimar o volume sangúineo ocupado por cada componente do mesmo, e se varia entre homem e mulher, adulto e criança .

A principal função do sangue é transportar.

Leucócitos (células de defesa), que são as primeiras barreiras contra uma infecção, atravessam por diapedese (saída ativa de leucócitos do sistema circulatório) a parede de vênulas e capilares, e vão para as áreas atacadas. Oxigênio, ligado a hemoglobina dos eritrócitos, e gás carbônico, ligado a hemoglobina ou dissolvido no plasma (que também transporta nutrientes metabólicos dos locais de absorção ou síntese). As escórias do metabolismo, removidas do sangue pelos órgão de excreção . Distribuição de hormônio, o que possibilita a troca de mensagens químicas entre órgãos distantes. Além de ser um importante regulador na distribuição de calor, no equilíbrio ácido-básico e no equilíbrio osmótico dos tecidos.

Composição do plasma:
Solução aquosa, com componentes de variado peso molecular (em equilíbrio com o líquido intersticial, portanto, a composição do plasma é um indicador da composição do líquido extracelular), proteínas plasmáticas (que participam da coagulação sanguínea, controla a pressão osmótica do sangue-albumina-, anticorpos-gamaglobulinas-), sais inorgânicos e compostos orgânicos diversos (vitaminas, hormônios e glicose).

Eritrócitos (hemácias):
Anucleados, com grande quantidade de hemoglobina (proteína transportadora de oxigênio), com forma de disco bicôncavo (para proporcionar uma maior área, com relação ao seu volume), possuem grande flexibilidade (sofrem deformações temporárias, para passar por certos capilares, mas não se rompem).

Aplicação médica: Anemias: podem ser caracterizadas: pela baixa concentração de hemoglobina no sangue, causada pela diminuição do número de eritrócitos (hemorragia, má produção na medula ou destruição acelerada dos eritrócitos), ou pelo fato de eles conterem pouca hemoglobina (deficiência de ferro na alimentação), sendo mal corados (anemia hipocrômica). Já o aumento do número de eritrócitos (eritrócitos ou policitemia), pode ser ocasionada por uma adaptação fisiológica (quando o individuo viaja para locais de grande altitude, em que a pressão parcial de oxigênio é menor) ou patológica (cuja conseqüências são: aumento da viscosidade do sangue, o que dificulta a circulação nos capilares.

Os eritrócitos quando colocados num meio hipotônico, sofrem tumefação, isto é, suas hemácias se tornam esféricas e a hemoglobina se dissolve no meio (hemólise), é um processo utilizado quando se deseja estudar a membrana celular. Já, quando suspensos numa solução hipertônica se encolhem irregularmente (hemácia crenadas).

As hemácias obtém sua energia através da via anaeróbica, por fermentação láctica (90%) e via das pentoses (10%).

Os eritrócitos possuem grande quantidade de hemoglobina, molécula formada por quatro subunidades, cada uma com um grupo de heme (derivado do ferro 2+) ligado a um polipeptídeo .

Devido a variações na cadeia polipeptídica existem vários tipos de hemoglobina (A1, A2 e F). Hemoglobina A1 (Hb A1) e a hemoglobina A2 (Hb A2) são hemoglobinas presentes num adulto normal. Enquanto que a hemoglobina fetal (hemoglobina F ou Hb F), está presente em embriões e é muito mais ávida por oxigênio (já que o embrião só obtém oxigênio pela placenta). Nos pulmões, onde a pressão parcial do oxigênio é alta, cada molécula de Hb se combina com quatro de oxigênio, formando a use-hemoglobina, que é reversível, pois quando se chega aos tecidos, onde a pressão parcial de oxigênio é baixa, o oxigênio dessas moléculas se transfere as célula, e a Hb pode se ligar ao gás carbônico, formando a carbamino-hemoglobina, que também é reversível, porém a maior parte de gás carbônico é transportada dissolvida no plasma .

Aplicações médicas: modificações na estrutura das hemácias, resultam num mal funcionamento das mesmas, ocasionando doenças, como a anemia falciforme. Que quando desoxigenada, sua hemoglobina (Hb S) se polimeriza e forma agregados que dão aos eritrócitos uma forma comparável a uma meia lua, esse eritrócito é frágil, sem flexibilidade, com uma vida curta . Assim, o sangue se torna viscoso e prejudica o fluxo sanguíneo, o que leva a uma deficiência no transporte de oxigênio (hipóxia ), lesões na parede capilar e coagulação sanguínea . O monóxido de carbono também pode se associa a Hb, formando um complexo muito mais estável, impedindo o transporte de oxigênio . Agentes oxidantes, podem transformar o ferro 2+ em ferro 3+, dando origem a meta-hemoglobina, composto sem afinidade com o oxigênio, pode ser convertida a Hb, por um sistema enzimático do eritrócito a NADH meta-hemoglobina redutase. Esferocitose hereditária, doenças das hemácias que a tornam esféricas e muito vulneráveis a ação dos macrófagos, é um problema nas proteínas do citoesqueleto dos eritrócitos, que impede a manutenção da forma bicôncava, a remoção cirúrgica do baço melhora essa esferocitose, já que o baço contém grande quantidade de macrófago e é o principal local em que as hemácias são destruídas.

As hemácias são produzidas e maturadas na medula óssea, no seu processo de maturação perdem o núcleo e diversas outras organelas. Duram 120, e são destruídas por macrófagos.

Leucócitos:
São incolores, com forma esférica e participam das defesas celulares e imunocelulares do organismo, deixam os capilares por diapedese e penetram no tecido conjuntivo . Quando os tecidos são invadidos por microorganismos os leucócitos são atraídos por quimiotaxia, isto é, substancia originadas dos tecidos, dos plasmas sanguíneos e dos microorganismos provocam nos leucócitos uma resposta migratória, dirigindo essas células para os locais de maior concentração de agentes quimiossintáticos. O aumento do número de linfócitos chama-se leucocitose, enquanto que a diminuição leucopenia .

Podem ser de dois grupos: granulócitos (polimorfonucleares) ou agranulócitos.

Os granulócitos, tem núcleo de forma irregular, com grânulos específicos envolto por membranas. De acordo com seus grânulos podem se diferenciar em três tipos: neutrófilos, eusinófilos e basófilos. Com vida muito curta e restos celulares removidos pelos macrófagos (morrem por apoptose).

Os agranulócitos possuem núcleo mais regular, e seu citoplasma não tem granulações específicas, apenas pode apresentar grânulos azuróficos. Há dois tipos: linfócitos e monócitos.
Neutrófilos (polimorfonucleares):
Possuem o núcleo formado por lobos, ligados entre si por finas pontes de cromatina . A célula muito jovem tem núcleo não segmentado e em forma de bastonete (neutrófilo bastonete). Já os núcleos muito segmentados são denominados hipersegmentados e são característicos de células velhas.

Aplicação médica: no sangue normal há pequena quantidade de bastonete, sua elevação resulta de infecções bacterianas.
Nos núcleos dos neutrófilos de mulheres aparece um pequeno apêndice, que contém a cromatina sexual X, inativa . O citoplasma dos neutrófilos possui dois tipos de granulações: os grânulos específicos (finos) e os grânulos azurófilos (lisossomos).
Aplicação médica: os neutrófilos participam da defesa celular, quando presentes no sangue circulante possuem formato esférico e não são capazes de fagocitar, enquanto que ao encontrar um substrato sólido no qual podem emitir pseudópodos, adquirem formas amebócitos ou fagocitárias. Como ocorre: a bactéria é rodeada por pseudópodos que se fundem ao seu redor, assim ela passa a ocupar um vacúolo .Grânulos específicos e azurófilos, situados nas proximidades fundem suas membranas com as dos fagossomos e esvaziam seu conteúdo no interior do mesmo, ao mesmo tempo bombas de prótons localizadas nas membranas do fagossomo acidificam o interior desse vacúolo, para torná-lo um ambiente propício a atuação das enzimas. Durante a fagocitose há um aumento brusco no consumo de oxigênio, devido a produção do peróxido de hidrogênio e ao ânion super óxido, ambos oxidantes energéticos, e provavelmente os principais responsáveis pela morte das bactérias fagocitadas. Componentes dos grânulos específicos atacam as peptideoglicanas das paredes de bactérias Gram-positivas e prejudica o metabolismo da mesma . Morto o microorganismo, as enzimas lisossômicas promovem sua hidrólise em moléculas pequenas que se difundem para fora do fagossomo . Quando as bactérias não morrem, ou os neutrófilos morrem aparece um líquido viscoso, amarelado, contendo todo esse matéria, o pus.

Eusinófilos:
Menos numeroso, com núcleo geralmente bilobulado, apresenta grânulos ovóides maiores que a dos neutrófilos.

Aplicação médica: fagócito e digerem complexos de antígenos com anticorpos que aparecem em caso de alergia . São atraídos para as áreas de inflamação alérgica pelas histaminas (produzidas por basófilos e mastócitos). Os eusinófilos produzem moléculas que inativa o leucotrieno e a histamina, controlando a inflamação . Participam da defesa contra os parasitas Shistossoma Mancini e Trypanosoma cruzi. Tanto no caso de parasitos como no de alergia há um aumento no número de eosinófilos (eosinofilia). Não são células especializadas para a fagocitose de microorganismos, sua atividade defensiva consiste na liberação de seu grânulos, e pela fagocitose do complexo antígeno-anticorpo . Corticosteróide (hormônios da camada cortical da adrenal) induzem a uma queda imediata da concentração dos eosinófilos, e retardam a passagem deles da medula óssea (local de sua produção).

Basófilos:
Núcleo volumoso, forma retorcida e irregular, citoplasma carregado de grânulos maiores que os dos outros granulócitos, contém muitos filamentos ou partículas alongadas. Contém histamina, fatores quimiotáticos para eosinófilos e neutrófilos, e heparina (responsável pela metacromasia do grânulo). Sua membrana, assim como a dos mastócitos também possui receptores para a imunoglobulina E (Ig E).

Linfócitos:
Células esféricas, podem ser: pequenos ou grandes.
Linfócitos pequenos: mais abundante, com núcleo esférico, cromatina se dispõe em grumos grosseiros, o núcleo aparece escuro, o citoplasma é pequeno e escasso, é pobre em organelas, divididos em dois tipos B e T. Ao contrário dos outros leucócitos, os linfócitos possuem a capacidade de retornarem ao sangue.

Monócitos:
Células com núcleo ovóide, cromatina frouxa com arranjo mais delgado que a dos linfócitos, com dois ou três nucléolos. Citoplasma com grânulos azurófilos (lisossomos), muito finos, e podem preencher todo o citoplasma . Sua superfície apresenta muitas microvilosidades e vesículas de pinocitose.
São originados na medula óssea, onde sofrem um processo de maturação, daí passa para o sangue, onde permanecem alguns dias, depois migram para os tecidos, onde se transformam em macrófagos.

Plaquetas:
Corpúsculos anucleados, com forma de disco, derivados de células gigantes da medula óssea os megacariócitos. Realizam a coagulação sanguínea e auxiliam a reparação das paredes dos vasos sanguíneos, evitando a perda de sangue. Possuem um sistema de invaginações (sistema canalícular aberto), em que a parte interna se comunica facilmente com a membrana, disposição importante para a liberação das moléculas ativas armazenadas nas plaquetas.
São constituídas pelo hialômetro (parte azul-clara) que possui microfilamentos de actina e miosina responsáveis pela contração pela contração das plaquetas, e sua parte externa da membrana é rica em glicoproteínas e glicosaminoglicanas, responsáveis pela adesividade das plaquetas e que podem absorver compostos diversos. E o cromômero, com grânulos densos ou delta, que armazenam ATP, ADP e serotonina, há também os grânulos alfa com fibrinogênio e fator de crescimento plaquetário, que estimula as mitoses do músculo liso dos vasos sanguíneos e a cicatrização de feridas e o grânulos lambdas, que são os lisossomos.

Aplicação médica: Hemostasia, processo que impede a perda de sangue (hemorragia), promove a coagulação do sangue. A participação das plaquetas na coagulação do sangue pode ser assim descrita:

Agregação primária: descontinuidades do endotélio produzidas por lesão vascular são seguidas pela absorção de proteínas do plasma sobre o colágeno que restou, as plaquetas também aderem a esse colágeno, formando um tampão plaquetário .

Agregação secundária: As plaquetas do tampão liberam ADP, que é indutor a agregação plaquetária, aumentando o tampão .

Coagulação do sangue: ocorre pela interação seqüencial de diversas proteínas plasmáticas, originando um polímero, a fibrina, e formando uma rede fibrosa tridimensional, que aprisiona leucócitos e plaquetas, forma-se um coágulo sanguíneo mais resistente.

Retração do coágulo: inicialmente faz uma grande saliência para o interior do vaso, mas depois pela ação da miosina, actina, ATP e plaquetas, ele se contrai.

Remoção do coágulo: protegido pelo coágulo a parede do vaso se renova e o coágulo é removido pela ação da enzima plasmina, formada pela ativação da proenzima plasmática plasminogênio, pelos ativadores produzidos no endotélio .Enzimas liberadas pelos lisossomos das plaquetas também auxiliam na remoção do coágulo .

Tecido Ósseo

Constituinte principal do esqueleto, funciona como suporte para as partes moles, e protege órgãos vitais (como os contidos na caixa craniana e torácica e no canal raquidiano), aloja e protege a medula óssea (formadora de células do sangue), proporciona apoio aos músculos esqueléticos, constitui um sistema de alavancas (amplia as forças geradas na contração muscular), funciona como depósito de cálcio e outros íons (controlando sua armazenagem e liberação).

É um tipo especializado de tecido conjuntivo, formado por células e material extracelular calcificado (matriz óssea), as células são: osteócitos (situados em cavidades ou lacunas no interior da matriz), osteoblastos (produtores da parte orgânica da matriz) e os osteoclastos (células gigantes, móveis e multinucleadas, que reabsorvem o tecido ósseo, participando dos processos de redemodelação dos ossos).

Não existe difusão de substancias através da matriz calcificada do osso, logo a nutrição dos osteócitos depende de canalículos que existem na matriz.

Todos os ossos são recobertos por tecido conjuntivo com células osteogenicas, o endósteo (nas superfícies internas) e o periósteo (na superfície externa)

Células do tecido ósseo:

· Osteócito:
Células encontradas no interior da matriz óssea, ocupam lacunas (existentes no sistema de havers), das quais partem canalículos, cada lacuna contém apenas um osteócito, dentro dos canalículos os prolongamentos dessas células estabelecem contato através de junções comunicantes, onde passam pequenas moléculas e íons de um osteócito para outro, a matriz extracelular (em pequena quantidade), e a matriz óssea constituem uma via de transporte de nutrientes e metebólitos entre os vasos sanguíneos e os osteócitos.
Características: células achatadas, com pequena quantidade de RER e pequeno aparelho de Golgi, e núcleo com cromatina condensada .Essas características indicam pequena atividade sintética, porém os osteócitos são essenciais para a manutenção da matriz óssea .

· Osteoblastos
Células que sintetizam a parte orgânica da matriz óssea (a matriz óssea não mineralizada é denominada osteóide), capazes de concentrar fosfato de cálcio, logo são essenciais no processo de mineralização da matriz, sua disposição nas superfícies ósseas lembra a de um epitélio simples.
Quando em intensa atividade sintética são cubóides e mostram características ultra-estruturais de células produtoras de proteínas, porém em estado pouco ativo são achatados.
Uma vez aprisionado pela matriz óssea recém-sintetizada, passam a ser chamados osteócitos, e a matriz se deposita ao redor do corpo das células e de seus prolongamentos, formandos assim as lacunas e os canalículos.

Aplicação médica: a Tetraciclina (um antibiótico fluorescente), possui afinidade sobre a matriz óssea recém-formada, logo é importante para avaliação da velocidade de formação óssea, seu uso é utilizado no estudo do crescimento ósseo e no diagnóstico de algumas doenças ósseas, entre as quais: osteomalia, onde a mineralização fica prejudicada, e a osteíte fibrosa cística, quando ocorre um aumento na atividade dos osteoclastos, resultando em remoção da matriz óssea .

· Osteoclastos:
Características morfológicas: células grandes, móveis, com muitos núcleos, ramificadas (ramificações irregulares), citoplasma granuloso, alguns apresentam vacúolos, fracamente bazófios quando jovens e acidófilos quando maduro .
Origem: se originam de precursores mononucleados provenientes da medula óssea que quando em contato com o tecido ósseo, unem-se para formar os osteoclastos multinucleados.
Localização: freqüentemente são encontrados nas áreas de reabsorção de tecido ósseo, situados em depressões da matriz, realizadas por eles próprios, e conhecida como lacunas de howship.
Sua superfície ativa é voltada para a matriz óssea, e apresenta prolongamentos circundados por uma zona citoplasmática denominada zona clara, que contém muitos filamentos de actina e é responsável para a adesão do osteoclasto com a matriz óssea, alem de criar um microambiente fechado, onde ocorre a reabsorção óssea, essa reabsorção ocorre da seguinte maneira: os osteoclastos, secretam para esse microambiente, ácido (facilita a dissolução dos minerais e fornece o pH ideal para a atuação das hidrolases), colagenases e outras hidrolases (presente nos lisossomos), que atuam localmente digerindo a matriz orgânica e dissolvendo os cristais de sais de cálcio, a essa digestão continua no citoplasma e os produtos são transferidos para os capilares sanguineos. Essa atividade é coordenada por citosinas (proteínas sinalizadoras, que atuam localmente), e por hormônios (calcitonina-tireóide-e pararatormônio-paratireóides).

Matriz óssea:
Apresenta duas partes:
1. Parte inorgânica: contribui com 50% do peso da matriz óssea, os íons mais encontrados são: o fosfato e o cálcio, que se encontram sob a forma de cristal, com estrutura semelhante a da hidroxiapatita, onde os íons da superfície são hidratados, compondo uma camada de água (capa de hidratação), que facilita a troca de íons entre o cristal e o líquido intersticial.
2. Parte orgânica: formada na sua maior parte por fibras colágenas (colágenos tipo I), possui pequena quantidade de proteoglicanas e glicoproteínas.
A associação das fibras de colágeno com a hidroxiapatita é responsável pela dureza e resistência do tecido ósseo .

Periósteo e endósteo:
Células osteogênicas, e tecido conjuntivo que recobrem as superfícies internas (endósteo) e externas (periósteo) dos ossos.
1. Periósteo: na camada mais superficial, há fibras de colágeno e fibroblastos, as fibras de Sharpey são feixes colágenas do periósteo que penetram no tecido ósseo e prendem o periósteo ao osso . Enquanto que, na camada mais profunda, o periósteo é mais célula e apresenta células osteoprogenitoras, similares, morfologicamente, aos fibroblastos, elas se multiplicam por mitose e se diferenciam em osteoblastos, portanto, desempenha importante papel no crescimento dos ossos e na reparação de fraturas.
2. Endósteo: camada de células osteogenias achatadas revestindo as cavidades do osso esponjoso, o canal medular, os canais de havers e os de volumam.
Funções: nutrição do tecido ósseo, fornecimento de novos osteoblastos, para o crescimento e recuperação do osso .

Tipos de tecido ósseo:
Há dois tipos de classificação:

1. A macroscópica, com duas divisões, que possuem a mesma estrutura histológica:
A) Osso compacto
B) Osso esponjoso: com cavidades que são ocupadas pela medula óssea .
Em ossos longos, as epífises (extremidades) são formadas por ossos esponjosos com uma delgada camada superficial compacta, a diáfise (parte cilíndrica) é quase totalmente compacta (chamado de osso cortical), com pequena quantidade de osso esponjoso na sua parte profunda, para delimitar o canal medular (ocupado pela medula óssea). Em ossos curtos, o centro é esponjoso e recoberto em toda sua periferia por uma camada compacta . Já nos ossos chatos (calvária) existem duas laminas de osso compacto (tábuas interna e externa) separadas por um osso esponjoso (díploe).
A medula óssea: no recém-nascido apresenta cor-vermelha, devido ao alto teor de hemácias, e é ativa a produção de células do sangue (medula óssea hematógena), com o decorrer dos anos, ela vai sendo infiltrada por tecido adiposo, com diminuição da atividade hematógena (medula óssea amarela).

2. Histológica, ambos os tipos apresentam mesmas células e mesmos constituintes de matriz.
A) Tecido ósseo primário:
Não é do tipo lamelar, é o primeiro tecido ósseo que aparece, sendo substituído gradativamente por tecido ósseo lamelar ou secundário .
Pouco freqüente no adulto, persistindo apenas próximo as suturas dos ossos do crânio, nos alvéolos dentários e em alguns pontos de inserção dos tendões.
Apresenta fibras colágenas dispostas em várias direções, sem organização definida, possui menor quantidade de minerais e maior proporção de osteócitos.
B) Tecido ósseo secundário (lamelar):
Encontrado no adulto, principal característica, presença de fibras colágenas em lamelas, que podem se posicionar paralelamente, ou em camadas concêntricas em torno de canais com vasos (Sistema de Havers ou ósteons, característicos de diáfise de ossos longos, porém podem existir em ossos compactos porém com diâmetros menores), as lacunas contendo osteócitos estão situadas entre essas lamelas, em cada lamela, as fibras de colágeno estão paralelas umas as outras, separando grupos de lamelas existe o acúmulo de uma substância cimentaste (matriz mineralizada, com pouco colágeno).
Na diáfise, a distribuição das fibras de colágeno, é a seguinte: sistema de Havers, circunferências externos e internos e os intermediários,
Sobre o Sistema de Havers, pode-se dizer que é um cilindro longo, bifurcado, paralelo à diáfise e formado por lamelas ósseas concêntricas (que se alternam entre claras e escuras devido ao arranjo das fibras de colágeno dessas lamelas), no centro existe um canal revestido de endósteo (canal de Havers), que possui vasos e nervos, seu diâmetro pode variar devido a remodelação constante do tecido ósseo. Cada canal de Havers pode comunicar-se entre si, com a cavidade medular e com a superfície externa do osso por meio de canais transversais oblíquos, os canais de Volkmann, que não apresentam lamelas ósseas concêntricas, eles atravessas as lamelas ósseas.
Os sistemas circunferências interno e externo são constituídos por lamelas ósseas paralelas entre si, formando duas faixas: uma situada na parte interna do osso, em volta do canal medular; e a outra na parte mais externa, próxima ao periósteo .
O sistema intermediário se encontra entre o sistema de Havers, e são grupos irregulares de lamelas, geralmente em forma triangular, que provém de restos de sistemas de Havers que foram destruídos durante o processo de crescimento do osso .
Histogênese: dois tipos de ossificação, sendo que em ambas o primeiro tecido ósseo formado é o do tipo primário, que pouco à pouco é substituído pelo secundário, sendo assim, durante o crescimento dos ossos podem-se ver, lado a lado, áreas de tecido primário, áreas de reabsorção e áreas de tecido secundário .

· Ossificação intramembranosa:
Ocorre no interior de membranas do tecido conjuntivo, é o processo formador dos ossos frontal, parietal e partes do occipital, do temporal, e dos maxilares inferior e superior; contribui também para o crescimento em espessura de ossos longos.
O local da membrana conjuntiva onde a ossificação começa, chama-se centro de ossificação primária, e tem início pela diferenciação de células mesenquimais, que se tornam arredondadas e formam um blastema, o qual por diferenciação originam grupos de osteoblastos, que sintetizam o osteóide (matriz óssea não calcificada), que logo se mineraliza, englobando alguns osteoblastos, que se transformam em osteócitos.
Como vários desses grupos (osteoblastos englobados, assim como suas ramificações) surgem quase que simultaneamente no centro de ossificação, há confluência das traves ósseas formadas, dando ao osso um aspecto esponjoso .Entre essas traves formam-se cavidades, que são penetradas por vasos sanguíneos e células mesenquimais, originando a medula óssea .
Esses centros de ossificação crescem radialmente, ocupando quase toda membrana conjuntiva preexistente, a parte da membrana que não sofre ossificação constitui o endósteo e o periósteo .
Nos ossos chatos do crânio, após o nascimento, verifica-se um predomínio acentuado da formação sobre a reabsorção do tecido ósseo mas superfícies interna e externa, assim formam-se duas tábuas de osso compacto, enquanto que o centro permanece esponjoso (díploe).

· Ossificação endocondral: é o responsável pela formação de ossos curtos e longos.
Ocorre sobre uma peça de cartilagem hialina, parecida a forma do osso que vai se formar, porém, com tamanho menor.
Como ocorre: primeiro, a cartilagem hialina sofre modificações, havendo a hipertrofia dos condrócitos, redução da matriz cartilaginosa a finos tabiques, sua mineralização e morte dos condrócitos por apoptose. Segundo, as cavidades previamente ocupadas pelos condrócitos são invadidas por capilares sanguíneos e células osteogenias vindas do conjuntivo adjacente, essas células diferenciam-se em osteoblastos, que depositarão matriz óssea sobre os tabiques de cartilagem calcificada, assim aparece o tecido ósseo, onde antes havia tecido cartilaginoso .
Formação de ossos longos: O molde cartilaginoso possui uma parte média estreitada e as extremidades dilatadas, correspondendo, respectivamente, a diáfise e as epífises do futuro osso .

· Centro primário de ossificação:
O primeiro tecido ósseo a aparecer no osso longo é formado pela ossificação intramembranosa do pericôndrio (camada de tecido conjuntivo que recobre a cartilagem), que recobre a parte média da diáfise, formando um cilindro (colar ósseo).
Enquanto se forma o colar ósseo, as células cartilaginosas envolvidas por ele se atrofiam (aumentam de tamanho) e morrem (por apoptose) e a matriz da cartilagem se mineraliza, vasos sanguíneos, partindo do periósteo (tecido conjuntivo, com células osteoprogênitoras) atravessam o colar ósseo e penetram na cartilagem calcificada, levando consigo as células osteoprogênitoras, que proliferam e se diferenciam em osteoblastos. Estes formam camadas contínuas na superfícies das paredes finas de matriz cartilaginosa calcificada, e iniciam a síntese da matriz óssea, que logo se mineraliza . Forma-se assim, o tecido ósseo primário, sobre os resto de cartilagem calcificada .
Seu crescimento, rápido em sentido longitudinal, ocupa toda a diáfise, esse alastramento do centro primário, é acompanhado pelo crescimento do colar ósseo que se formou a partir do pericôndrio e que cresce também na direção das epífises.
Desde o inicio da formação do centro primário, surgem osteoclastos e ocorre a absorção do tecido ósseo formado no centro da cartilagem, aparecendo assim, o canal medular, o qual também cresce longitudinalmente a medida que a ossificação progride. A medida que se forma o canal medular, células sanguíneas, originadas de células hematógenas multipotente (células tronco), trazidas pelo sangue dão origem a medula óssea . As células tronco hematógenas se fixam no microambiente do interior dos ossos, onde vão produzir todos os tipos de células do sangue

· Centro de ossificação secundário:
Formados em cada epífise (não simultaneamente) , são semelhantes ao centro primário da diáfise, mas seu crescimento é radial, ao invés de longitudinal. A porção central do osso formado nos centros secundários (nas epífises) também contem medula óssea .

Quando o tecido ósseo formado nos centros secundários ocupa a epífise, o tecido cartilaginoso fica reduzindo a dois locais:
1. Cartilagem articular, que persistirá por toda a vida e não contribui para a formação de tecido ósseo
2. Cartilagem de conjugação ou disco epifisário, composta por um disco cartilaginoso que não foi penetrado pelo osso em expansão e que será responsável, pelo crescimento longitudinal do osso, ela fica entre o tecido ósseo das epífises e o da diáfise. Seu desaparecimento por ossificação, aproximadamente aos 20 anos de idade, determina a parada do crescimento longitudinal dos ossos.

Na cartilagem de conjugação, distinguem-se cinco zonas:
1. Zona de repouso: onde existe cartilagem hialina sem qualquer alteração morfológica
2. Zona de cartilagem seriada ou de proliferação: onde os condrócitos se dividem rapidamente e formam fileiras ou colunas paralelas de células achatadas e empilhadas no sentido longitudinal do osso
3. Zona de cartilagem hipertrófica: apresenta condrócitos muito volumosos, com depósitos citoplasmáticos de glicogênio e lipídeos. A matriz fica reduzida a tabiques delgados, entre as células em apoptose.
4. Zona de cartilagem calcificada: ocorre a mineralização dos delgados tabiques de matriz cartilaginosa e termina a apoptose dos condrócitos.
5. Zona de ossificação: zona em que aparece tecidos ósseos, capilares sanguíneos e células ósteoprogenitoras originadas do periósteo invadem as cavidades deixadas pelos condrócitos mortos. As células osteoprogenitoras se diferenciam em osteoblastos, que formam uma camada contínua sobre os restos de matriz cartilaginosa calcificada, os osteoblastos depositam a matriz óssea .

A matriz óssea calcifica-se e aprisiona osteoblastos, que se transformam em osteócitos. Desse modo, formam-se as espículas ósseas, com uma parte central de cartilagem calcificada e uma parte superficial de tecido ósseo primário

Crescimento e remodelação dos ossos:
O crescimento ósseo consiste na formação de tecido ósseo novo, associada à reabsorção parcial do tecido já formado; desse modo, os ossos conseguem manter sua forma enquanto crescem.
Nos adultos existe remodelação dos ossos, um processo fisiológico, porém, nesse caso, não está relacionada com o crescimento e é muito mais lenta .
O tecido ósseo é capaz de remodelar sua estrutura interna em respostas a modificações nas forças a que está submetido .
Os ossos chatos crescem por formação de tecido ósseo pelo periósteo situado entre as suturas e na face externa do osso, enquanto ocorre reabsorção na face interna . O tecido ósseo responde ao crescimento do encéfalo, formando uma caixa craniana do tamanho adequado, havendo deficiência no crescimento do encéfalo, a caixa craniana será pequena, ao contrário, em crianças com hidrocefalia, onde o encéfalo é muito volumoso, a caixa craniana é também muito maior do que o normal.
Os ossos longos, nas epífise há o aumento de tamanho devido ao crescimento radial da cartilagem, acompanhado por ossificação endocondral; e na diáfise há o crescimento em extensão pela atividade dos discos epifisários e, em espessura, pela formação de tecido ósseo na superfície externa da diáfise, com reabsorção na superfície interna, essa reabsorção interna aumenta o diâmetro do canal medular.

Aplicação médica:
Exemplo da plasticidade do tecido ósseo: a posição dos dentes na arcada dentária pode ser modificada por pressões exercidas por aparelhos ortodônticos, ocorrem reabsorção óssea no lado em que a pressão atua e deposição no lado oposto, que está sujeito a uma tração .
Reparação das fraturas: nos locais de fratura óssea ocorre hemorragia, devido a lesão dos vasos sanguíneos, destruição de matriz e morte de células ósseas.
Para que a reparação se inicie, o coágulo sanguíneo e os restos celulares e da matriz devem ser removidos pelos macrófagos, o periósteo e o endósteo próximos a área fraturada respondem com uma intensa proliferação, formando um tecido muito rico em células osteoprogenitoras que constitui um colar em torno da fratura e penetra entre as extremidades ósseas rompidas. Nesse anel ou colar conjuntivo, surge tecido ósseo imaturo, tanto pela ossificação endocondral de pequenos pedaços de cartilagem que aí se formam, como também por ossificação intramembranosa . Esse processo evolui de modo a aparecer, após algum tempo, um calo ósseo, que envolve a extremidade dos ossos fraturados. O calo ósseo é constituído por tecido ósseo imaturo que une provisoriamente às extremidades do osso fraturado .
As trações e pressões exercidas sobre o osso durante a reparação da fratura, e após o retorno do paciente as suas atividades normais, causam a remodelação do calo ósseo e sua completa substituição por tecido ósseo lamelar. Se essas trações e pressões forem idênticas às exercidas sobre o osso antes da fratura, a estrutura do osso volta a ser a mesma que existia anteriormente, o tecido ósseo repara-se sem a formação de cicatriz.

Papel metabólico do tecido ósseo:
O esqueleto atua como uma reserva do íon cálcio, cuja a concentração no sangue (calcemia) deve ser mantida constante , para o funcionamento normal do organismo .
Há um intercambio, entre o cálcio do plasma sanguíneo e o dos ossos. O cálcio absorvido da alimentação e que faria aumentar a concentração sanguínea deste íon é depositada rapidamente no tecido ósseo, e, inversamente, o cálcio dos ossos é mobilizado quando diminui sua concentração no sangue. Existem dois mecanismos de mobilização do cálcio depositado nos ossos:
1. Transferência dos íons dos cristais de hidroxiapatita para o líquido intersticial, do qual o cálcio passa para o sangue, é um mecanismo favorecido pela grande superfície dos cristais de hidroxiapatita e tem lugar principalmente no osso esponjoso . As lamelas ósseas mais jovens e pouco calcificadas, são as que recebem e cedem cálcio com maior facilidade, essas lamelas são mais importantes na manutenção da calcemia do que as lamelas antigas, muito calcificadas e cujos papéis principais são de suporte e proteção .

2. Pela ação do hormônio da paratireóide, ou paratormônio, sobre o tecido ósseo, ocorre de forma mais lenta, e causa um aumento do número de osteoclastos e reabsorção da matriz óssea, com liberação de fosfato de cálcio aumento da calcemia . A concentração de (PO4)3- não aumenta no sangue, porque o próprio paratormônio acelera a excreção renal de íons de fosfato . O paratormônio atua sobre receptores localizados nos osteoblastos. Em resposta a esse sinal, os osteoblastos deixam de sintetizar colágeno e iniciam a secreção do fator estimulador dos osteoclastos. Um outro hormônio, a calcitonina, produzida pelas células parafoliculares da tireóide, inibe a reabsorção da matriz, e, portanto, a mobilização do cálcio . A calcitonina tem um efeito inibidor sobre os osteoclastos.

Aplicação médica:
A carência alimentar do cálcio causa descalcificação dos ossos, que se tornam mais transparentes ao raio X e predispostos a fraturas. A descalcificação óssea pode também ser devida a uma produção excessiva de paratormônio (hiperparatireoidismo), o que provoca intensa reabsorção óssea, aumento de cálcio e fosfato no sangue, e deposição anormal de sais de cálcio em vários órgãos, principalmente nos rins e na parede das artérias.
O oposto ocorre na osteopetrose, doença causada por defeito nas funções dos osteoclastos, com superprodução de tecido ósseo muito compactado e duro, causa o fechamento das cavidades que contém medula óssea formadora de células do sangue, produzindo anemia e deficiência em leucócitos (glóbulos brancos), o que reduz a resistência dos pacientes à infecções.
Efeitos de deficiências nutricionais: A deficiência de cálcio leva a uma calcificação incompleta da matriz orgânica produzida , pode ser devido à carência desse mineral nos alimentos ou à falta de pró-hormônio vitamina D, que é importante para a absorção de cálcio e fosfato pelo intestino delgado .
Na criança, a deficiência de cálcio causa o raquitismo, nesta doença a matriz óssea não se calcifica normalmente, de modo que as espículas ósseas formadas pelo disco epifisário se deformam, por não suportarem as pressões normais exercidas sobre elas pelo peso corporal e pela ação muscular, assim, os ossos não crescem normalmente e as extremidades dos ossos longos se deformam.
No adulto, a falta de cálcio leva a osteomalacia, que se caracteriza pela calcificação deficiente da matriz óssea neoformada e descalcificação parcial da matriz já calcificada, com a conseqüente fragilidade óssea, porém como no adulto não existem mais as cartilagens de conjugação, não ocorrem as deformações dos ossos longos nem o atraso do crescimento, característicos do raquitismo .
Na osteoporose, os ossos também se tornam menos resistentes, mas a causa não é a deficiência nutricional de cálcio nem de vitamina D. Na osteoporose a concentração de cálcio na matriz orgânica é normal, mas a quantidade de tecido ósseo é menor, apresentando o osso amplos amplos canais de reabsorção, essa condição pode aparecer em pacientes imobilizados, pessoas idosas e, principalmente, em mulheres após a menopausa, quando decorre um desequilíbrio na remodelação dos ossos, com predomínio da reabsorção sobre a neoformação de tecido ósseo .

Hormonios que atuam sobre os ossos:
· Hormônios paratireóides,
· Calcitonina (produzida pela tireóide),
· Hormônio do crescimento (produzida na parte anterior da hipófise), estimula o crescimento em geral, tendo efeito acentuado sobre a cartilagem epifisária, os efeitos desse hormônio não são diretos, ele estimula certos órgãos, principalmente, o fígado, a sintetizar polipeptídeos denominados somatomedinas, que tem efeito sobre o crescimento . A falta desse hormônio durante o crescimento produz o nanismo hipofisário, sua produção excessiva, ocorre em tumores, causa o gigantismo (na criança) e acromegalia (em adultos), no gigantismo há um desenvolvimento excessivo do comprimento dos ossos longos, já no adulto, como o excesso de hormônios do crescimento atua quando já não existem mais cartilagens de conjugação, os ossos não podem mais crescer em comprimento, mas crescem em espessura (crescimento perióstico), dando origem à acromegalia, condição em que os ossos, principalmente os longos, se tornam muito mais espessos.
· Hormonios sexuais: influem sobre o aparecimento e o desenvolvimento de centros de ossificação, a maturação precoce retarda o crescimento corporal, pois, a cartilagem epifisária é substituída rapidamente por tecido ósseo, nos casos desenvolvimento deficiente das gônadas ou de castração de animais em crescimento, as cartilagens epifisárias permanecem por mais tempo, de modo que o animal atinge tamanho acima do normal.
· Hormonio da tireóide: sua deficiência causa o cretinismo, caracterizado por retardo mental e nanismo, nesse caso ocorre a diminuição da produção de hormônio do crescimento pela hipófise, além disso o hormônio da tireóide potencia os efeitos do hormônio do crescimento sobre os tecidos
· Hormonio leptina, produzido pelo tecido adiposo, atua junto com o sistema nervoso central na regulação e remodelação do tecido ósseo .

Tumores dos ossos:
· Osteomas: osteoblastomas e osteoclastomas, benignos
· Osteossarcomas: malignos, se caracteriza pela presença de osteoblastos pelomórficos (morfologia irregular e variada) e que se dividem por mitose com muita freqüência, associados a osteóides por ele sintetizados, a maioria dos casos desse tipo de câncer ocorre em adolescentes ou adultos jovens, os locais mais freqüentemente atingidos são as extremidades inferior do fêmur e as extremidades superior da ´tíbia e do úmero .

Pode aparecer também tumores de células cartilaginosas:
· Condromas: benignos
· Condrossarcomas: malignos

Articulações:
A união dos ossos depende das articulações, que podem ser divididas, em:

· Diartroses: que permitem grandes movimentos dos ossos, encontradas unindo ossos longos, existe uma cápsula que liga as extremidades ósseas, delimitando uma cavidade fechada, a cavidade articularm que contem um liquido, o liquido sinovial (diálisado do plasma sanguineo com elevado teor de ácido hialurônico, sintetizado pelas camadas das células da camada sinovial), esse liquido é uma via transportadora de substancias, entre a cartilagem articular (avascular) e o sangue dos capilares da membrana sinovial, nutrientes e oxigênio passam do sangue para a cartilagem articular e gás carbônico difunde-se em sentido contrário .
As cápsulas podem ter estruturas diferentes, conforme a articulação considerada, sendo em geral constituídas por duas camadas, uma externa ( a fibrosa), formada por tecido conjuntivo denso, e um interna (a camada ou membrana sinovial), o revestimento da camada sinovial é constituído por dois tipos celulares, um com fibroblastos e o outro tem o aspecto e a atividade funcional semelhantes aos macrófagos.

· Sinartroses: não ocorrem movimentos ou apenas movimentos muito limitados, existem três tipos, de acordo com o tecido que a compõe:
1. Sinostoses: ossos são unidos por tecido ósseo, e elas são totalmente desprovidas de movimento, unem ossos chatos do crânio, nas pessoas de idade avançada; já em crianças e adultos essa união é feita por meio de tecido conjuntivo denso .
2. Sincondroses: existe movimentos limitados, sendo as peças ósseas unidas por cartilagem hialina, exemplo: articulação da primeira costela com o esterno .
3. Sindesmoses: são como sincondroses, com alguns movimentos, e nelas o tecido que une os ossos é o conjuntivo denso, exemplos: sinfise pubiana e articulação tibiofibular inferior.
A capacidade de resistência ao choque (resiliencia) da cartilagem é um eficiente amortecedor das pressões mecânicas intermitentes que são exercidas sobre a cartilagem articular, mecanismo similar ocorre nos discos intervertebrais, moléculas de proteoglicanas isoladas ou formando agregados constituem um feltro contendo grande número de moléculas de água, o que funciona como uma mola biomecânica, a aplicação de pressão força a saída de água da cartilagem para o líquido sinovial, a expulsão da água condiciona o aparecimento de outro mecanismo que contribui para a resiliencia da cartilagem, a repulsão eletrostática recíproca entre os agrupamentos carboxila e sulfato das glicosaminoglicanas, criando espaços que serão ocupados pelas moléculas de água, quando desaparece as pressões.
O movimento de água com nutrientes e gases dissolvidos, é desencadeado pelo uso da articulação, esse movimento de líquido é essencial para as trocas de gases entre a cartilagem e o liquido sinovial.

Tecido Epitelial

A forma e as características das células epiteliais:

Forma poliédrica, devido ao fato das células serem justapostas formando folhetos ou aglomerados tridimensionais, a forma do núcleo geralmente acompanha a forma das células.

Praticamente todas as células epiteliais estão apoiadas por um tecido conjuntivo .Se o epitélio recobre cavidades de órgãos ocos, a camada de tecido conjuntivo recebe o nome de lâmina própria, a porção da célula epitelial voltada para o tecido conjuntivo é denominado porção basal, ou pólo basal, e a extremidade oposta é denominada porção apical ou pólo apical, e a superfície dessa região é denominada superfície livre, já as superfícies das células epiteliais que se encontram às células vizinhas são chamadas paredes laterais.

· Lâminas basais e membranas basais:
Na superfície de contato entre as células epiteliais e o tecido conjuntivo há uma lâmina basal, que só é visível ao microscópio eletrônico .Aparece como uma camada elétron-densa, formada por uma delicada rede de fibrilas (lâmina densa), pode apresentar também uma camada de elétron-lucentes nos lados da lamina densa (lâminas lúcidas). Os componentes principais das laminas basais (secretados pelas células epiteliais) são: colágeno tipo IV, glicoproteínas (laminina, entactina e proteoglicanas).
As laminas basais existem também em outros tipos de células que entram em contato com o tecido conjuntivo, ela forma uma barreira que limita ou controla a troca de macromoléculas entre essas células e o tecido conjuntivo, estão presentes também entre camadas de epitélio adjacentes ou muito próximas.
Há casos em que fibras reticulares, produzidas no tecido conjuntivo, se associam as lâminas basais, formando as laminas reticulares.

Funções: papel estrutural, filtração de moléculas, influenciam na polaridade das células, regulam a proliferação e a diferenciação celular, influem no metabolismo celular, organizam proteínas nas membranas plasmáticas de células adjacentes, servem como caminho e suporte para a migração de células , contem informações necessárias para algumas interações célula-célula .

Membrana basal: nome dado a estrutura visível ao microscópio de luz, que resulta da união de duas laminas basais, ou de uma lamina basal e outra reticular.

· Junções intercelulares:
Estruturas responsáveis pela coesão e comunicação entre células.
Sabe-se que as células epiteliais apresentam uma intensa adesão mútua, o que ocorre devido, em partes, a ação coesiva de glicoproteínas transmembranares, chamadas caderinas, que perdem sua capacidade de aderência na ausência de íons de cálcio . Além dessas macromoléculas, há especializações que aumentam a adesão, as junções intercelulares, que servem não apenas para a adesão, como também para a vedação, além de que podem oferecer canais para a comunicação entre células adjacentes, logo há uma classificação:

1. Junções de adesão, zônulas de adesão: circunda toda a célula e contribui para a aderência entre células vizinhas.

2. Junções impermeáveis, zônulas de oclusão: costumam ser mais apicais. “Zônula” significa cinturão, logo circunda toda a célula, e “oclusão” se refere a fusão de membranas, portanto ocorre a vedação do espaço intercelular. Função: promover a vedação, o que impede o movimento de materiais entre células epiteliais, participam da formação de compartimentos funcionais, delimitados por folhetos embrionários de células epiteliais. (A junção da zônula de oclusão com a de adesão que circunda toda a parede lateral da região apical de vários tipos de epitélio, é denominada complexo unitivo)

3. Junções de comunicação, junções comunicantes ou junções GAP: presente em qualquer local das membranas laterais, são formadas por porções de membrana plasmática em forma de placas. As proteínas da junção comunicante: conexivas, se organizam em torno de um poro, esse conjunto é denominado conexon. Conexons de uma célula se unem a conexons de outra célula, formando canais hidrófilos, permitindo o intercambio de moléculas, como as de sinalização .Inibidores metabólicos, inibem a formação de junções ou desfazem as já existentes.

4. Desmossomo ou mácula de adesão: estrutura complexa, em forma de disco, presente na superfície de uma célula,e que é sobreposto a uma estrutura idêntica presente na superfície da célula adjacente, promove uma adesão bem forte, que é inibida pela ausência de cálcio

5. Hemidesmossomos: estrutura similar ao do desmossomo, prendem a célula epitelial a lâmina basal.

Além disso, há também a presença de papilas, que aumentam a área de contato, através de evaginações, estão presentes em maior freqüência em tecidos epiteliais de revestimento, sujeito a tensão mecânica, ex.: pele, língua e gengiva .

Especializações da superfície livre das células epiteliais:

Funções: aumentar a superfície de contato ou locomover partículas.

· Microvilos: pequenas projeções do citoplasma, com expansões curtas ou na forma de dedos.
Em células que exercem intensa absorção o glicocálix é mais espesso que nas maiorias das células, e o conjunto de glicocálix e microfilos é visto facilmente ao microscópio de luz, sendo chamado de borda em escova, ou borda estriada .

· Estereocílios: prolongamentos longos e imóveis de células do epidídimo e do ducto deferente, que na verdade são microfilos longos e ramificados. Eles aumentam a superfície de contato, facilitando o movimento de moléculas.

· Cílios e flagelos: prolongamentos dotados de mobilidade, apresentam dois microtúbulos centrais, e pares de microtúbulos periféricos.
Os cílios estão inseridos em corpúsculos basais, que são estruturas eletron-densas, situadas no ápice das células, logo abaixo da membrana . O movimento ciliar é freqüentemente coordenado para permitir que uma corrente seja impelida ao longo do epitélio .
Os flagelos estão presentes, no corpo humano, apenas nos espermatozóides, e sua estrutura é semelhante a dos cílios, porém os flagelos são mais longos e limitados por células.

Tipos de epitélio:
· Epitélio de revestimento: as células são organizadas em camadas, que cobrem a superfície externa e revestem cavidades.

Classificação, de acordo com o número de camadas:

1. Epitélio simples: possuem apenas uma camada de células, pode ser, de acordo com o formato das células

2. Epitélio estratificado, contem mais de uma camada de células
De acordo com a forma de suas células, o epitélio simples pode ser:

1. Pavimentoso: ex.: endotélio e mesotélio (reveste cavidades do corpo)

2. Cúbico: ex.: epitélio que reveste externamente o ovário

3. Prismático; reveste o intestino delgado

O epitélio estratificado pode ser:

1. Pavimentoso:
Não queratinizado: reveste cavidades úmidas, ex.: esôfago, vagina .
Queratinizado: reveste superfície secas, ex.: pele.
Ambos apresentam várias camadas de células, sendo que as que se localizam próximas ao tecido conjuntivo (células basais) apresentam formato cúbico ou prismático, porém, a medida que se aproxima do ápice, o formato das células fica cada vez mais irregular, até que na superfície elas se tornam achatadas. Nos epitélio não queratinizado as células achatadas da superfície retém os núcleos e boa parte das organelas; enquanto que no queratinizado as células mais superficiais são mortas, e seu citoplasma é ocupado por grande quantidade de filamentos intermediários de citoqueratina .

2. Prismático: (raro) presente apenas na conjuntiva ocular e nos grandes ductos excretores, como os das glândulas salivares.

Epitélio de transição: epitélio estratificado cuja a parte mais superior é formado por células globosas, reveste a bexiga urinária (a forma das células muda de acordo com o aumento da bexiga), o ureter e a parte superior da uretra .

Epitélio pseudo-estratificado: é formado por apenas umas camada de células, porém os núcleos parecem estar em várias camadas. Reveste as passagens respiratórias.

Células neuroepiteliais: constituem epitélios com funções sensoriais especializada, ex.: células das papilas gustativas e da mucosa olfatória .

Células mioepiteliais: células ramificadas com miosina e actina, capazes de se contrair, abraçam a unidade secretora da glândula, e se contraem afim de expelir os produtos da secreção, estão presentes nas porções secretoras das glândulas mamárias, sudoríparas e salivares.

· Epitélios glandulares:
Composto por células especializadas na atividade de secreção, as moléculas a serem excretadas são armazenadas nas células em pequenas vesículas envolvidas por uma membrana, e são chamados de grânulo de secreção .
Podem sintetizar, armazenar e secretar proteínas (pâncreas), lipídeos (adrenal, glândulas sebáceas) ou complexo de carboidrato e proteínas (glândulas salivares).

Tipos de epitélio glandulares:
· Glândulas unicelulares: células glandulares isoladas, ex.: célula caliciforme (presente no revestimento do intestino e do trato respiratório)
· Glândulas multicelulares: composta por agrupamento de células. São normalmente envolvidas por uma cápsula de tecido conjuntivo, em que prolongamentos dessa cápsula são chamados de septos e dividem a glândula em porções menores, denominadas lóbulos, os vasos sanguíneos e nervos que penetram na glândula se subdividem no interior dos septos.
As glândulas são formadas a partir de epitélio de revestimento cujas células se proliferam e invadem o tecido conjuntivo subjacente, daí sofrem uma diferenciação (o que ocorre durante o desenvolvimento embrionário), tipos de glândulas multicelulares:
· Glândulas exócrinas: mantém sua conexão com o epitélio do qual se originaram, apresentam ductos tubulares, pelos quais a secreção são eliminadas, alcançando a superfície do corpo ou uma cavidade.
Apresentam uma porção secretora, onde estão as células responsáveis pelo processo secretório; e um ducto, que transporta a secreção eliminada das células.

Classificação:
1. Glândulas simples: apresenta apenas um ducto não ramificado . Podem ser separadas, de acordo com sua porção secretora, podendo ser: tubulares (porção secretora em forma de tubo), tubulares ramificadas ou acinosas (porção secretora esférica ou arredondada).
2. Glândulas compostas: apresentam ductos ramificados, podem ser separadas de acordo com a classificação da sua porção secretora, que pode ser: tubulares, acinosas ou túbulo-acinosas.
· Glândulas endócrinas: não apresentam ductos tubulares, portanto sua secreção é lançada no sangue e transportada para o seu local de atuação através dos vasos sangüíneos.

Existem dois tipos de glândulas endócrinas:
1. Células formam cordões enrolados em capilares sanguíneos (adrenal, paratireóide, lóbulo anterior da hipófise).
2. Células formam vesículas ou folículos preenchidos de material secretado (glândula tireóide)
Alguns órgãos apresentam funções tanto endócrinas, quanto exócrinas, e um só tipo de célula pode realizar as duas funções (ex.: Fígado), há também órgãos que apresentam um tipo de célula para realizar cada tipo de função (pâncreas, células acinosas: secretam enzimas digestivas para o ducto pancreático, enquanto que ilhotas secretam hormônios insulina e glucagon para a corrente sanguínea).

De acordo com o modo pelo qual os produtos são secretados, as glândulas podem ser classificadas como:
1. Merócrinas: a secreção é liberada pela célula por meio da exocitose, sem nenhuma perda celular, ex.: pâncreas.
2. Holócrinas: o produto de secreção é eliminado junto com toda a célula, ocorre a destruição das células repletas de secreção, ex.: glândulas sebáceas.
3. Apócrino: onde o produto de secreção é descarregado junto com porções do citoplasma apical

Biologia dos tecidos epiteliais:
· Polaridade: devido a diferente estruturação e composição de organelas presentes no ápice com organelas presentes na base de uma célula epitelial, ocorre uma polaridades nessas células, o que implica que diferentes partes dessa célula podem ter diferentes funções.
· Inervação: a maioria dos tecidos epiteliais apresentam abundante irrigação nervosa, além da inervação sensorial, há também, a inervação motora, responsável pelo funcionamento de muitas células secretoras.
· Renovação das células epiteliais: são estruturas bem dinâmica e renovadas pela atividade mitótica, a taxa de renovação varia de acordo com o epitélio .A divisão ocorre nas células mais próximas a lamina basal, onde se encontram as células tronco desse epitélio .
Aplicação médica: metasplasia: capacidade que um tecido epitelial possui de se transformar em outro, devido a condições especiais, é um processo reversível, e pode ocorrer também no tecido conjuntivo .
· Controle da atividade glandular: há tanto o controle nervoso, como o endócrino, sendo que, geralmente, apenas um deles predomina . Ambos os tipos de controle se dão através da ação de substancias químicas, denominados mensageiros químicos.
· Células que transportam íons: todas possuem a capacidade de transporte através do transporte ativo, células epiteliais usam desse meio, através da bomba de sódio e potássio, para transferir sódio através do epitélio, para a base (transporte transcelular), tal procedimento, visa a manutenção do equilíbrio elétrico e osmótico .
· Células que transportam por pinocitose: observado em epitélios simples pavimentos (endotélios e mesotélios), as células apresentam poucas organelas, e usam desse meio para transportar moléculas entre uma cavidade e o tecido conjuntivo, e vice-versa .
· Células serosas: (ex.: células acinosas do pâncreas e glândulas salivares), são poliédricas ou piramidais, núcleos centrais arredondados, região basal apresenta grande acúmulo de retículo endoplasmático rugoso associados a muitos polirribossomos, região apical apresenta um complexo de Golgi bem desenvolvido, e muitas vesículas arredondadas, envolvidas por membranas e com um conteúdo rico em proteínas, são os chamados grânulos de secreção (em células que produzem enzimas digestivas, são denominados grânulos de zimogênio). Os grânulos são sintetizados no complexo de golgi, e permanecem na célula até seu total amadurecimento, a partir daí, são eliminados, sob a ação da exocitose.
· Células secretoras de muco: exemplo: célula caliciforme dos intestinos, apresenta numerosos grânulos contendo muco (constituído por glicoproteínas), estão situados na porção apical da célula, núcleo na base, ao redor está o RER, complexo de golgi logo acima do núcleo (muito desenvolvido), as proteínas são sintetizadas na base das células os monossacarídeos são acrescentado a proteínas por enzimas.
· Sistema neuroendócrino difuso: são célula endócrinas presentes no tecido epitelial de revestimento, distribuídas por todo o organismo, possuem a capacidade sintetizar hormônios e promover a descarboxilação de aminoácidos, muito das aminas e hormônios produzidos por esse tipo de célula agem como mediadores químicos no sistema nervoso .
Aplicação médicas: Apudomas: tumores derivados de células secretoras de polipeptídios, diagnóstico feito normalmente pela realização de imunocitoquímica em cortes de biópsia do tumor.

· Células secretoras de esteróides: células endócrinas com as seguintes características:
1. Acidófilas, poliédricas ou arredondadas, com núcleo central.
2. Citoplasma com abundante retículo endoplasmático liso, que possui as enzimas necessárias para a sintetização de colesterol e a capacidade de transformar a pregnenolona, produzida nas mitocôndrias, em andrógenos, estrógenos e progestágenos.
3. Mitocôndrias esféricas ou alongadas, com cristas tubulares, ao invés das cristas em forma de prateleiras, usualmente encontradas, apresentam as enzimas necessárias para a clivagem da cadeia lateral do colesterol e para a produção do pregnenolona, também participa das reações subseqüentes para a produção de hormônios esteróides.
Aplicação médica: tumores derivados de células epiteliais: tumor maligno de origem epitelial: carcinoma, os derivados de tecido epitelial glandular, são: adenocarcinomas. Os carcinomas compostos por células diferenciadas refletem características morfológicas específicas e comportamentos das células das quais se originaram (por exemplo: produção de queratina, muco e hormônios). Carcinomas indiferenciados são freqüentemente difíceis diagnosticar só por análise morfológica, como esses carcinomas freqüentemente contem queratina, a detecção dessas substancias por imunocitoquímica em geral ajuda a determinar o diagnóstico e o tratamento desses tumores.
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ESTUDO DIRIGIDO
1. Quais são os quatro tipos básicos de tecidos que constituem o organismo?
2. Cite resumidamente as características de cada tipo básico citado.
3. As células epiteliais podem apresentar formas variadas. Quais são elas?
4. Como essas células se organizam?
5. Qual a relação entre a forma do núcleo e a forma da célula?
6. Qual o conceito de lâmina própria?
7. Qual o conceito de lâmina basal? A lâmina basal pode ser vista ao MO?
8. Qual o conceito de membrana basal? A membrana basal pode ser vista ao MO?
9. Cite os tipos de junções celulares existentes entre as células epiteliais e especifique a função de cada um deles.
10. Qual a estrutura de uma zônula de oclusão? Cite um exemplo no organismo da importância dessa junção.
11. Que particularidade a junção GAP (comunicante) apresenta que permite o desempenho de sua função? Cite um exemplo no organismo da importância dessa junção.
12. Quais são as especializações da superfície celular encontradas em epitélios? Dê exemplos de localização.
13. Qual a estrutura de cada tipo de especialização da superfície celular citado acima.
14. Quais são os parâmetro considerados para efetuar a classificação dos epitélios de revestimento?
15. Quando um epitélio de revestimento é considerado simples?
16. Quando um epitélio de revestimento é considerado estratificado?
17. Cite os tipos de epitélio de revestimento considerados simples. Dê exemplos de localização.
18. Cite os tipos de epitélio de revestimento considerados estratificados. Dê exemplos de localização.
19. Cite as características de um epitélio de revestimento pseudo-estratificado.
20. Como é possível distingüir, em uma lâmina histológica, um epitélio pseudo-estratificado de um estratificado verdadeiro?
21. Por que alguns epitélios de revestimento apresentam várias camadas de células enquanto outros apresentam apenas uma?
22. Cite as funções do epitélio de revestimento e indique qual o elemento ou organização epitelial é responsável por tal função.
23. Explique o processo de formação de uma glândula exócrina.
24. Cite as porções constituintes de uma glândula exócrina.
25. Como podem ser classificadas as glândulas exócrinas quanto à ramificação do seu ducto?
26. Como podem ser classificadas as glândulas exócrinas quanto à forma da porção secretora?
27. Como podem ser classificadas as glândulas exócrinas quanto ao modo de eliminação da secreção?
28. Em uma glândula qualquer, que possa ser dissecada, qual seria o parênquima glandular? E qual seria o estroma glandular?
29. Qual a definição de uma glândula exócrina?
30. Explique o processo de formação de uma glândula endócrina.
31. Qual a definição de uma glândula endócrina?
32. Qual o nome dado ao produto de secreção de uma glândula endócrina qualquer?
33. Como são classificadas as glândulas endócrinas? Como se organizam as células secretoras nesses tipos glandulares citados.
34. Descreva como se dá a nutrição, oxigenação e a remoção do refugo do metabolismo de células epiteliais.
35. Epitélios são inervados?
36. Qual o conceito de camada basal de um epitélio estratificado. Qual a importância dessa camada?
37. Qual o conceito de camada da superfície livre em um epitélio estratificado? Qual a importância dessa camada?
38. Cite a estrutura de uma célula que transporta íons. Por que esse tipo celular apresenta muitas mitocôndrias?
39. Cite a estrutura de uma célula serosa. Dê exemplos de localização de células serosas.
40. Cite a estrutura de uma célula mucosa. Dê exemplos de localização de células mucosas (outras que não as caliciformes).
41. Qual a função do muco secretado por células caliciformes do trato respiratório?
42. Qual a função do muco secretado por células caliciformes dos intestinos?
43. Por que o epitélio de revestimento do intestino grosso apresenta maior quantidade de células caliciformes quando comparado ao intestino delgado?
44. Cite a estrutura de uma célula secretora de esteróides.

Tecido Nervoso


Sistema Nervoso:
Funções:
- Detectar, transmitir, analisar e utilizar as informações geradas pelos estímulos sensoriais.
- Organizar e coordenar o funcionamentos de quase todos os órgãos do organismo.

Se encontra na forma de uma rede de comunicações, dividido em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP).

SNC: encéfalo e medula
SNP: nervos (prolongamentos de neurônios)

TECIDO NERVOSO: composto por neurônios e células da Glia
Células da Glia: sustentam os neuronios
SNC, ocorre uma distinção visualizada macroscópicamente, entre os corpos celulares dos neuronios e seus prolongamentos na medula e no encéfalo. Em que os corpos celulares correspondem a substancia cinzenta. E os prolongamentos dos neurônios e as células da Glia a Substancia Branca (devido a grande quantidade de mielina presente (bainha de mielina) que envolve alguns axônios.

NEURÔNIOS: são capazes de responder a alterações do meio em que se encontram, para tal modificam a diferença de potencial existente entre a superfície interna e externa da sua membrana celular (células com essa mesma propriedade: células musculares, neurônios e algumas glandulas. E são denominadas excitáveis). Essa modificação do potencial pode se restringir ao local do estímulo ou se propagar por toda célula (impulso nervoso), função: transmissão de informações.

MORFOLOGIA:
-Componentes principais:
1) Dendritos: prolongamentos numerosos cuja principal função é receber os estímulos do ambiente.
2) Corpo Celular (pericário): centro de coordenação da célula, tbm pode receber estímulos.
3) Axônio: um único prolongamento, responsável pela transmissão do impulso do neurônio para outras células.

CLASSIFICAÇÃO:

MORFOLOGIA:
-Neurônios multipolares: apresentam mais de dois prolongamentos celulares (maioria)
-Neurônios bipolares:possuem um dendrito e um axonio, encontrados nos gânglios coclear e vestibular, na retina e na mucosa olfatória.
-Neurônios pseudo-unipolares: sai apenas um ramo do pericário, que se ramifica em dois, onde uma parte vai para a periferia e a outra para o sistema nervoso central, ambos os prolongamentos são considerados axônios, porém as ramificações terminais do ramo que parte para a periferia, são consideradas dendritos. Nesse tipo de neurônio o impulso não passa pelo pericário, encontrados em gânglios espinhais.

FUNÇÃO:
-Neurônios motores: controlam os órgãos efetuadores de respostas.
-Neurônios sensoriais: receptores de estímulos do meio ambiente.
-Interneurônios: estabelecem conexões entre neurônios.

CORPO CELULAR (PERICÁRIO):
Onde está presente o núcleo (esférico e aparece pouco corado, já que seus cromossomos se encontram mto distendidos). Possui apenas um nucléolo (grande e central), próximo ao nucléolo, no sexo feminino, se observa a cromatina sexual (cromossomo x) sob a forma de um grânulo esférico e bem distinto (pois permanece condensado e inativo). É rico em retículo endoplasmático rugoso (sob a forma de cisternas -poços- paralelos) e poliribossomos livres (a união entre cisternas e polirribossomos livres se apresenta sobre a forma de manchas basófilas -roxas- pelo citoplasma: corpúsculos de Nissl). O aparelho de golgi se encontra ao redor do núcleo. As mitocôndrias se encontram em quantidade moderada, sendo abundantes no terminal axônico. Existem neurofilamentos, tanto no pericário, qto nas ramificações, tais filamentos qdo corados com impregnação de prata se aglutinam (deposição de prata metálica), formando as neurofibrilas (vísiveis ao microscópio óptico). Em alguns locais, existem grânulos de melanina cuja função ainda é desconhecida. Há também um outro pigmento encontrado a lipofucsina, que possui lipídeos, que se acumulam no decorrer do tempo e contem resíduos de material fagocitado pelos lisossomos.
FUNÇÃO: recebe e integra os estímulos.

DENDRITOS:
Aumentam a superfície celular, tornando possível receber e integras impulsos vindos de terminais axônicos de outros neurônios.
A grande maioria dos impulsos que chegam são recebidos por pequenas projeções dos dendritos as chamadas gêmulas ou espinhas. Cuja as funções, são; início do processamento do impulso nervoso recebido; o que ocorre num complexo em que estão presentes diversas proteínas presas na superfície da membrana pós sináptica (região, em que ocorre a transmissão do impulso), essa membrana é denominada de membrana pós-sináptica. Além disso, as gêmulas dendríticas estão relacionadas com a adaptação, memória e aprendizado. Sua morfologia está baseada na proteína actina (que se relaciona com as sinapses e a adaptação funcional).

AXÔNIOS:
Nasce de uma estrutura piramidal do pericário, denominada cone de implantação. Em axônios mielinizados, a parte entre o cone de implantação e a bainha de mielina e chamada de segmento inicial.
O segmento inicial recebe inúmeros estímulos e possuem mtos canais iônicos (importante na geração de impulsos nervosos).
Os axônios não possuem muitas ramificações como os dendritos; originam algumas ramificações em ângulo reto, denominadas ramificações colaterais (frequentes no SNC); a porção final do axônio possui muitas ramificações e recebe o nome de telodendro.
O citoplasma dos axônios é denominado axoplasma e possui poucas organelas, porém, existe um movimento mto ativo de moléculas e organelas pelo axônio. Existe o fluxo anterógrado, em que moléculas protéicas produzidas no pericário migram pelo axônio; e o fluxo retrógrado (de sentido contrário), que leva moléculas a serem reutilizadas no pericário além de material endocitado (importancia médica do fluxo retrógrado: utilizado no estudo de fibras nervosas, além de poderem levarem moléculas prejudiciais, tais como o vírus da raiva, para o SNC causando sério danos, como encefalites). Os fluxos axonais são realizadas por microtúbulos e proteínas motoras (as proteínas caminham nos microtúbulos), exemplos de proteínas: dineína (fluxo retrógrado) e cinesina (fluxo anterógrado), ambas funcionam pela quebra de ATP.

POTENCIAIS DE MEMBRANA:
A célula nervosa possui canais (ou bombas) de íons, que os transportam para dentro e para fora do citoplasma.
A membrana do axônio (axolema) bombeia íons de sódio para o meio extracelular, mantendo uma concentração intracelular mto menor, já a concentração de potássio é mto maior no meio intracelular, assim existe uma diferença de potencial de -65mV, denominada potencial de repouso da membrana. Quando um neurônio sofre a ação de um estímulo, ocorre a abertura desses canais iônicos e consequentemente a entrada de sódio, o que modifica o potencial da membrana, que vai para +30mV, chamado potencial de ação (impulso nervoso), qdo chega nesse potencial ocorre o fechamento dos canais de sódio e abertura dos canais de potássio, que regularizam as concentrações, fazendo com que o potencial volte a ser o de repouso.
O Potencial de ação se propaga por toda a célula, e qdo chega as terminações do axônio, promove a saída dos neurotransmissores, responsáveis pela propagação do estímulo para outras células.
Aplicação médica: anestésicos locais, inibem a aberturas dos canais de sódio, o que bloqueia o impulso.

COMUNICAÇÃO SINÁPTICA: responsável pela transmissão unidirecional do impulso nervoso.
SINAPSE: É uma região de contato entre neurônios com outros neurônios ou outras células, se constitui por um terminal axônico (terminal pré-sináptico) que traz o sinal, uma região na superfície de outra célula, onde se gera um outro sinal (terminal pós-sináptico) e um espaço entre esses dois terminais (fenda pós-sináptica). A sinapse de um axônio com o pericário é dita: axo-somática; e a de um axônio com um dendrito é: axo-dendrítica e entre dois axônios: axo-axônica.
Função da sinapse é transformar um sinal elétrico (impulso nervoso) em químico, o que ocorre através da liberação de neurotransmissores. Neurotransmissores são substancias que quando se combinam as proteínas receptoras da membrana pós-sináptica são capazes de influenciar a abertura ou o fechamento dos canais iônicos (a maioria deles são constituidos por aminas: neuropeptídeos), eles são sintetizados no pericário e armazenadas em vesículas no terminal pré-sináptico, sendo eliminadas por exocitose, através da união das membranas, a sobra de membranas é absorvida por endocitose, para a formação de novas vesículas. Existem também os neuromoduladores, que são mensageiros químicos, que não agem diretamente sobre as sinapses, mas mudam a sensibilidade dos neurônios aos estímulos sinápticos.
Além das sinapses químicas existe também as sinapses elétricas, em que as células nervosas se unem por junções comunicantes, possibiltando a passagem de íons.
SEQUÊNCIA DAS ETAPAS DE TRANSMISSÃO NAS SINAPSES QUÍMICAS: a despolarização se propaga pela abertura dos canais de cálcio, que estimulam a exocitose dos neurotransmissores, que são liberados e captados na membrana pós sinaptica por receptores específicos, o que gera a despolarização da membrana pós sináptica e consequentemente o impulso nervoso. Esses neurotransmissores são eliminados por endocitose, degradação enzimática ou difusão rapidamente após seu uso.
As sinapses podem ser: exitatórias, que promovem o impulso nervoso, ou inibitórias que geram uma hiperpolarização e impedem o impulso nervoso.

AS CÉLULAS DA GLIA E A ATIVIDADE NEURONAL: não se destacam bem na coloração histamina-eosina, aparecendo apenas seus núcleos, logo seu estudo morfológico é realiada por outros tipos de colorção, como as com impregnações de ouro e prata.
Realizam diversas funções entres as quais propiciar um bom ambiente extracelular aos neurônios.
OLIGODENDRÓCITOS: responsáveis pela produção das bainhas de mielina, em axonios do SNC, um único oligodendrócito pode mielinizar vários neurônios através de seus prolongamentos.
CÉLULAS DE SCHIWANN: possuem a mesma função dos oligodendrócito, porém mielinizam neurônios do SNP, além de que uma célula de schiwann mieliniza apenas um axônio.
ASTRÓCITOS: células estreladas com muitas ramificações, podem ser de dois tipos: astrócitos fibrosos: com prolongamentos poucos numerosos e mais longos (localizados na substancia branca), ou astrócitos protoplamáticos com uma maior número de prolongamentos, mais finos e mais curtos (encontrados na substancia cinza).
Funções: ligam os neurônios aos vasos sanguíneos e a pia-máter (camada fina de tecido conjuntivo que reveste o SNC), participam do controle iônico do meio extracelular, com isso conseguem regular diversas atividades dos neurônios. Possuem prolongamentos chamados de pés-vasculares que infiltram capilares sanguíneos e transferem moléculas e íons ao sangue.
Se comunicam por junções comunicantes, formando uma rede que podem interagir com outras células da glia, exemplo oligodendrócitos com a produção de mielina.
Aplicação médica: GLIOSE: preenchimento de espaços através da hiperplasia ou hipertrofia de astrócitos, devido a morte de neuronios do SNC.
CÉLULAS EPENDIMÁRIAS: células epiteliais que revestem os ventrículos do cérebro além do canal central da medula espinhal. São ciliados em alguns locais, o que facilira a movimentação do líquido cefaloraquidiano.
MICROGLIA: células pequenas e alongadas, que podem ser reconhecidas pela coloração HE pelo fato de seus núcleos serem escuros e alongados.
Funcionam como macrófagos, responsáveis pela fagocitação, participam do processo da inflamação e removem os restos celulares que surgem nas lesões do sistema nervoso central.:
Aplicação médica: na esclerose múltipla, as bainhas de mielina são destruídas, seus restos são fagocitados pelas células da microglia e digeridas por lisossomos.

SISTEMA NERVOSO CENTRAL: composto por cérebro, cerebelo e medula espinhal. E quando cortados apresentam substancia branca (prolongamentos de axonios, oligodendrócitos e outras células da glia. Devido a presença de mielina) e cinza (pericário, parte inicial não mielinizada do axonio e células da glia). Na substancia cinzenta é onde ocorre as sinapses.
A substancia cinzenta predomina na superfície do cérebro e do cerebelo, formando o córtez cerebral e cerebelar. O córtex cerebral, possui seis camadas, diferenciadas pelos diferentes formatos dos seus neurônios; os neurônios de algumas dessas partes informam impulsos aferentes (recebem sensações) e em outras partes há a propagação de impulsos eferentes (motores), dessa forma o córtex cerebral coordena informações sensoriais e determinam respostas morotoras. Já o córtex cerebelar possui tres camadas: camada molecular (mais externa) onde estão presentes os neurônios das células de Purkinge; uma camada central, composta pelas células de Purkinge (grandes, vísiveis e com neurônios bem desenvolvidos e em formato de leque) e uma camada interna denominada granulosa, onde existem neurônios bem pequenos e compactados.
Já a medula espinhal, a substancia branca se localiza externamente, enquanto que a cinza é interna e em forma de H. O traço horizontal do H apresenta um orifício que nada mais é do que a luz do tube neural do embrião, esse orificio é o corte do canal central da medula e é revestido por células ependimárias. Os traços verticais do H, formam os cornos: anteriores, com neurônios motores e posteriores, que recebem fibras sensitivas.

MENINGES: membranas de tecido conjuntivo, que envolvem o SNC. Existem 3 camadas:
DURA-MATER: (mais externa), feita de tecido conjuntivo denso. Essas membrana é continua ao periósteo da caixa craniana, na medula espinhal, há um espaço entre a dura-mater e as vértebras, esse espaço é denominado espaço peridural, onde estão presentes: veias finas, tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo. O espaço de contato entre a dura-mater e a aracnóide podem rachar, o que gera acumulo de sangue no espaço sub-dural, apenas presentes em condições patológicas. Ela é revestida por um epitélio simples pavimentoso, de origem mesenquimal.
ARACNÓIDE: possui duas partes, uma em forma de membrana, que está em contato com a dura-mater, e outra em forma de traves que penetram na pia-mater. Os espaços entre a pia-mater e a arcnóide são preenchidas por um líquido cefaloraquidiano, o espaço subaracnóideo é cheio desse líquido, que protege o SNC do traumas. É composta por um tecido conjuntivo sem vasos sanguíneos, e revestida pelo mesmo epitélio simples pavimentoso de origem mesenquimal da dura-mater. Possui também expansões que perfuram a dura-mater, que servem para tranferir o líquido céfalo-raquidiano para o sangue.
PIA-MÁTER: do lado do tecido nervoso, porém não fica junto as células nervosas, já que existe uma barreira de astrócitos.É ,mto vascularizada, e os vasos sanguíneos pentram no tecido nervoso por meio de túneis de pia-mater, espaços peri-vasculares. Na face interna há prolongamentos dos astrócitos e na face externa há p revestimento por células achatadas originadas do mesenquima embrionário.

BARREIRA HEMATOENCEFALÉTICA: barreira que dificulta a passagem de substancias nocivas do sangue ao tecido nervoso, ocorre devido a uma menor permeabilidade dos capilares sanguíneos do tecido nervoso.

PLEXOS CORÓIDES:são dobras da pia-mater ricas em capilares, constituída de tecido conjuntivo frouxo, revestida por epitélio simples, cuja células são transportadoras de íons, Função: secreção do líquido céfalo raquidiano (LCR), importante para o metabolismo do SNC, além de proteger o mesmo contra choques mecânicos. É produzido de modo contínuo.
Aplicação médica: hidrocefalia: doença causada devido ao acúmulo do LCR, causada pela diminuição da sua absorção ou obstrução. Os sintomas são causados devido a pressão exercida sobre o córtez cerebral, além de outras estruturas nervosas. Se iniciada antes do nascimento, impede a sutura dos ossos cranianos, fazendo com que a cabeça aumente progressivamente, ocasionando, fraqueza muscular, retardo mental e convulsões.

SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO: composto por gânglios, nervos e terminações nervosas.
FIBRAS NERVOSAS: constituído por um axônio e suas bainhas envoltórias. Grupos de fibras nervosas formam os feixos do SNC ou os nervos do SNP.
Todos os axônios de um indivíduo adulto são revestidos por algum tipo de célula envoltória (SNC=oligodendrócito, SNP=céls de Schwann). As porções de membrana de célula envoltória que estão internamente ligadas ao axônio, e externamente ligadas à superfície da célula envoltória, são chamadas mesaxônios.
FIBRAS MIELÍNICAS: a membrana da célula de schwann se enrola ao redor do axônio, formando várias camadas de membrana, que se fundem em um composto lipoproteico branco, a mielina. Essa bainha se interrompe em intervalos regulares, os ditos nódulos de Ranvier, o espaço entre dois nódulos é dito espaço internódulo e é ocupado por uma única cél de schwann. A espessura da bainha varia de acordo com a do axônio, porém é constante em toda sua extensão. Além disso há fendas em formas de cones, que são restos de citoplasma da cél envoltória, chamadas: incisuras de Schimidt-Lantermann.
FIBRAS AMIELÍNICAS: tbm estão envolvidas por céls de schwann, mas apenas uma cél envolve várias fibras, e não ocorre a espiralação do axonio.
NERVOS: Agrupamento de fibras nervosas, sendo portanto esbranquiçado, devido a presença de mielina.
As fibras nervosas, possuem uma camada envoltória produzida pela própria célula de Schwann, constituída de fibras reticulares, o endoneuro. Recobrindo vários endoneuros encontra-se o perineuro, que são várias camadas de células justapostas e achatadas, que se unem por junções oclusivas, formando uma barreira importante na defesa contra macromoléculas. Recobrindo esses perineuros está o tecido de sustentação do nervo, o epineuro, composto por tecido conjuntivo denso.
Os nervos estabelecem comunicação entre os órgãos sensitivos e os efetuadores de resposta, podendo ser aferentes (sensitivos), eferentes (motores) ou ambos (maioria).
GÂNGLIOS: acúmulo de neurônios localizados fora do SNC. São órgãos esféricos, protegidos por cápsulas conjutivas e associados a nervos; ou podem estar dentro de outros órgãos (ganglios intramurais). Conforme a direção do seu impulso, podem ser:
GANGLIOS SENSORIAIS: recebem fibras aferentes (sensitivas), que levam informações para o SNC. Podem ser: Gânglios crânianos, associados aos nervos cranianos ou Gânglios espinhais: aglomerados de grandes corpos neuronais, com mtos corpúsculos de Nissl e células da glia, que no caso são denominadas células satélites. São pseudounipolares e protegidos por uma cápsula de tecido conjuntivo.
GANGLIOS DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO: formações bulbosas ao longo do sistema nervoso autonomo, ou em outros órgãos (ganglios intramurais), os neuronios são geralmente multipolares e com aspecto estrelado.

SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO: controla a musculatura lisa, o ritmo cardíaco e a secreção de algumas glândulas.
Sua função é manter o equilibrio do organismo (a homeostase), apesar do nome, sofre a influencia do SNC.
Anatomicamente é formado por aglomerados de fibras nervosas que saem do SNC e por ganglios nervosos situados no decorrer dessas fibras.
Formado por duas partes:
Sistema nervoso simpático: localizados na porção torácica e lombar da medula espinhal (tbm chamado de divisão toracolombar do sistema nervoso autonomo), mediados químico: noradrenalina.
Sistema nervoso parasimpático: localizado no encéfalo e na porção sacral da medula espinhal (divisão craniosacral do sistema autonomo), seu segundo neuronio, o efetuador, fica sempre próximo ao órgão efetuador, o mediador químico é a acetilcolina, que é rapidamente destruida pela acetilcolinesterase, por isso que seus estímulos são mais rápidos e breves que o do simpático.
Sempre que um órgão é inervado por esse sistema, ele recebe os dois ramos. Já que um inibe o outro.